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Crise EUA-Venezuela avança lentamente: entenda o que está por trás das novas tensões

A imprensa dos EUA vazou diversos aspectos do envio de forças ou dos supostos contatos com o regime da Venezuela, confirmados ou não por Trump

As operações da CIA na Venezuela seriam motivadas por "duas razões", disse Trump a um jornalista: o presidente Nicolás Maduro seria um suposto líder do narcotráfico e a Venezuela teria libertado detentos para enviá-los aos Estados Unidos (Montagem/Exame)

As operações da CIA na Venezuela seriam motivadas por "duas razões", disse Trump a um jornalista: o presidente Nicolás Maduro seria um suposto líder do narcotráfico e a Venezuela teria libertado detentos para enviá-los aos Estados Unidos (Montagem/Exame)

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Agência de notícias

Publicado em 18 de outubro de 2025 às 11h06.

Última atualização em 18 de outubro de 2025 às 12h10.

O atual agravamento da tensão entre EUA e Venezuela se desenvolve em câmera lenta, com vazamentos de imagens de navios supostamente secretos, ou de trajetórias de aviões, ou a confirmação por parte do presidente Donald Trump de que a CIA voltou a intervir na região.

"É meio engraçado porque, claro, no passado, como durante a Guerra Fria, as intervenções da CIA na América Latina eram encobertas, certo?", afirma à AFP Michelle Paranzino, professora associada de Estratégia e Política no Colégio Naval Militar dos Estados Unidos e especialista em América Latina.

"Era para manter uma negação plausível do envolvimento dos Estados Unidos. Não está muito claro qual é o aspecto encoberto aqui se o presidente está reconhecendo isto abertamente", acrescentou.

A imprensa americana vazou diversos aspectos do envio de forças ou dos supostos contatos com o regime venezuelano, confirmados ou não por Trump.

As operações da CIA na Venezuela seriam motivadas por "duas razões", disse Trump a um jornalista: o presidente Nicolás Maduro seria um suposto líder do narcotráfico e a Venezuela teria libertado detentos para enviá-los aos Estados Unidos.

Suposto navio "fantasma"

Paralelamente, outros vazamentos pareceriam indicar que os Estados Unidos não controlam totalmente a narrativa na Venezuela.

Pessoas que acompanham a aviação postaram nas redes sociais itinerários de aeronaves militares americanas perto da costa venezuelana, utilizando simples rastreadores na internet como o Flightradar24.

O Pentágono informou em seguida que um bombardeiro B-52, com capacidade de transportar armas nucleares, havia sobrevoado a região no dia 15 de outubro, para garantir a capacidade "de responder a qualquer eventualidade ou desafio".

E a imprensa publicou fotografias borradas de um suposto "navio fantasma" com unidades especiais a bordo.

A embarcação seria o MV Ocean Trader, um navio com capacidade de "camuflagem" para ser considerado um navio mercante, segundo o site especializado Task&Purpose.

O governo dos Estados Unidos tem três opções, segundo Evan Cooper e Alessandro Perri, analistas do site especializado em segurança e estratégia Stimson.

"Continuar com os ataques contra navios no Caribe, executar ataques direcionados dentro da Venezuela ou uma invasão da Venezuela com o objetivo de mudar o regime", explicam.

As três opções "são ruins", segundo os dois analistas, com base no passado intervencionista dos Estados Unidos na região.

Mas Trump transformou o lema "ser respeitado" em um dos pilares de sua política externa.

O conceito ambíguo ajudou os Estados Unidos a atacar o Irã ao lado de Israel, para imediatamente depois declarar vitória e propor novas negociações.

"Acredito que seria racional ou razoável assumir que o objetivo é conseguir que Maduro renuncie sem precisar efetuar uma intervenção militar completa para removê-lo", explica Michelle Paranzino.

A deliberada lentidão do governo americano pode levar a momentos inesperados, como a confirmação na sexta-feira (17) de que o principal responsável por supervisionar ataques dos Estados Unidos contra supostas lanchas do narcotráfico no Caribe, o almirante Alvin Holsey, deixará o posto de chefe do Comando Sul para se aposentar.

Com mais de três décadas de experiência, Holsey estava no cargo há apenas um ano.

"O Departamento (de Guerra) agradece suas décadas de serviço", afirmou na sexta-feira o secretário Peter Hegseth.

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