Agência de Notícias
Publicado em 30 de maio de 2025 às 15h24.
O Ministério das Relações Exteriores de Cuba (Minrex) convocou o chefe da missão diplomática dos Estados Unidos no país, Mike Hammer, em protesto contra o que considera uma “conduta desrespeitosa”, segundo um comunicado divulgado nesta sexta-feira, 30.
O Minrex explicou que o diretor de Assuntos Bilaterais da Direção Geral do Ministério das Relações Exteriores dos EUA, Alejandro García del Toro, entregou uma nota verbal de protesto na qual disse que a conduta “hostil e inamistosa” de Hammer era “estranha à de um diplomata e desrespeitosa com o povo cubano”.
A Chancelaria cubana descreveu o comportamento de Hammer como “provocador e irresponsável”, e o acusou de “incitar os cidadãos cubanos a cometer atos criminosos de grande gravidade” e “atacar a ordem constitucional”, “estimulando-os a agir contra as autoridades e a se manifestar em apoio aos interesses e objetivos de uma potência estrangeira hostil”.
O Minrex enfatizou que essa não é a primeira vez que o diplomata americano, que chegou a Cuba no final de 2024, foi “acusado”.
Hammer é um diplomata com 35 anos de carreira que já esteve no Chile, na República Democrática do Congo e em outras nações. Desde sua chegada a Cuba, ele se reuniu com dissidentes, empresários e ativistas cubanos em várias regiões do país.
O comunicado do Minrex afirma que “a imunidade de que goza como representante de seu país não pode ser usada como cobertura para atos contrários à soberania e à ordem interna do país em que está credenciado, neste caso, Cuba”.
Nos últimos dias, vários veículos de comunicação cubanos pró-governo dedicaram uma série de artigos contra Hammer, nos quais criticaram essas reuniões com ativistas e dissidentes.
Hammer, de 60 anos, cresceu na América Latina, especificamente em Honduras, El Salvador, Colômbia e Venezuela. Ele fala espanhol, francês e islandês fluentemente, de acordo com a Embaixada dos EUA em Cuba.
Os EUA não têm um embaixador em Cuba desde 1960, embora as relações diplomáticas tenham sido restauradas em 2015 pelos então ex-presidentes dos EUA e de Cuba, Barack Obama e Raúl Castro. O chefe da missão é o encarregado de negócios, que não tem o posto de embaixador.
Hammer serviu até sua chegada a Cuba como enviado especial para o Chifre da África e chefiou as embaixadas do Chile de 2014 a 2016 e da República Democrática do Congo de 2018 a 2022.
A carreira de Hammer incluiu posições de destaque na Casa Branca e no Departamento de Estado, como porta-voz do Conselho de Segurança Nacional de 2009 a 2011 e porta-voz adjunto do Conselho de Segurança Nacional de 1999 a 2000.
Ele é formado pela Escola de Serviço Exterior da Universidade de Georgetown e também estudou na Faculdade Fletcher de Direito e Diplomacia, e na Escola Nacional de Guerra da Universidade de Defesa Nacional.
A nomeação para Cuba ocorreu na reta final do mandato do ex-presidente Joe Biden.