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Cúpula da Celac termina sem consenso por não adesão da Argentina de Milei, Paraguai e Nicarágua

Enquanto a Celac discutia a situação regional em Honduras, os presidentes Javier Milei e Santiago Peña estavam reunidos em Assunção

Cúpula da Celac: Lula defende integração latino-americana enquanto Argentina, Paraguai e Nicarágua rejeitam declaração conjunta (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)

Cúpula da Celac: Lula defende integração latino-americana enquanto Argentina, Paraguai e Nicarágua rejeitam declaração conjunta (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)

Agência o Globo
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Publicado em 9 de abril de 2025 às 19h58.

Última atualização em 9 de abril de 2025 às 20h11.

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O encerramento da 9ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), nesta terça-feira, em Honduras, mostrou até que ponto chegam a fragmentação e polarização entre os países da região. Após vários dias de debates em Tegucigalpa, o encontro finalizou com uma declaração final assinada por 30 dos 33 países que integram o grupo. Não aderiram a um documento de apenas seis pontos os governos da Argentina, Paraguai e Nicarágua.

No caso dos dois primeiros, alinhados com o presidente americano Donald Trump, o motivo é claro: o texto afirma que a Celac “rejeita a imposição de medidas coercitivas unilaterais que contrariam o direito internacional, incluindo aquelas que restringem o comércio internacional”. Sem mencionar diretamente os EUA, o grupo enviou um recado à Casa Branca em meio à guerra global de tarifas.

Divergências internas e posicionamento do Brasil

Enquanto a Celac discutia a situação regional em Honduras, os presidentes Javier Milei e Santiago Peña estavam reunidos em Assunção. Na direção oposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou seu discurso para criticar as medidas adotadas pelos Estados Unidos:
“A América Latina e o Caribe enfrentam hoje um dos momentos mais críticos de sua história. Agora, nossa autonomia está novamente em xeque. Tentativas de restaurar antigas hegemonias pairam sobre nossa região. A liberdade e a autodeterminação são as primeiras vítimas de um mundo sem regras multilateralmente acordadas. Migrantes são criminalizados e deportados sob condições degradantes. Tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional e elevam os preços. A história nos ensina que guerras comerciais não têm vencedores.”

Lula acrescentou:
“Se seguirmos separados, a comunidade latino-americana e caribenha corre o risco de regressar à condição de zona de influência em uma nova divisão do globo entre superpotências. O momento exige que deixemos as diferenças de lado”.

Racha regional e realinhamento da política externa brasileira

O presidente brasileiro chegou a Honduras com a decisão de usar o encontro para fazer um diagnóstico duro da conjuntura e reforçar a necessidade de união regional. Fontes do governo confirmam que Lula esperava resistências de Argentina e Paraguai, mas a ausência de consenso com Daniel Ortega, da Nicarágua, ex-aliado do petista, surpreendeu. “Os extremos se uniram”, disse uma fonte do governo brasileiro, reconhecendo a complexidade atual do cenário regional.

Se no início do terceiro mandato de Lula a integração regional era uma prioridade, hoje os principais assessores do presidente admitem que as dificuldades enfrentadas “foram enormes”. O impasse vai além da Argentina de Milei e inclui também os regimes da Venezuela e Nicarágua.

Aposta do Brasil em acordos bilaterais seletivos

A alternativa que ganha força, segundo fontes do Itamaraty, é a chamada “bilaterização” das relações externas. O conceito consiste em buscar acordos menores com poucos países com os quais o Brasil compartilhe agendas e objetivos. Atualmente, os principais parceiros regionais são Chile, México, Uruguai e Colômbia.

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