Senadores brasileiros durante missão aos Estados Unidos para falar sobre tarifas (Divulgação)
Publicado em 29 de julho de 2025 às 12h06.
Última atualização em 29 de julho de 2025 às 12h26.
Os senadores brasileiros que estão nos Estados Unidos para tratar das tarifas contra o Brasil criaram uma estratégia para buscar apoio junto aos parlamentares americanos, que inclui dados detalhados e um convite de viagem.
A comitiva preparou uma série de dados sobre os impactos que as tarifas de 50% terão para o estado de cada senador ou deputado americano com quem irão conversar. As estatísticas apontam quais são os produtos mais importados e exportados daquele estado para o Brasil.
Além dos dados, os parlamentares receberão um convite para viajar ao Brasil e conhecer de perto a realidade do país.
"Esta vai ser a dinâmica com todos os parlamentares. Cada um vai receber a aplicação dessa medida no estado que ele representa. Dessa forma, a gente entende que racionalmente ele poderá ser convencido que essa é uma medida de perde-perde", diz o senador Nelsinho Trad (PSD-MG), que integra a missão.
O grupo inclui ainda os senadores Carlos Viana (Podemos-MG), Jaques Wagner (PT-BA), Rogério Carvalho (PT-SE), Esperidião Amin (PP-SC), Teresa Cristina (PP-MS), Marcos Pontes (PL-SP) e Fernando Farias (MDB-AL).
Eles terão reuniões nesta terça-feira, 29, com parlamentares democratas e republicanos em Washington. A lista deles não foi revelada de forma antecipada, para não atrapalhar as conversas.
Na segunda, a missão brasileira se encontrou com empresários de diversos setores, como o agronegócio, indústria de transformação, saúde e energia. Também ocorreram encontros com líderes empresariais e representantes do Brazil-U.S. Business Council.
Como mostrou a EXAME, o grupo brasileiro tem buscado a defesa de isenções pontuais à nova taxa. "O que está em jogo é que talvez possamos conseguir algumas exceções para determinados produtos, como o café e o suco de laranja, além de alguns manufaturados, como a Embraer", diz José Pimenta, diretor de Relações Governamentais e Comércio Internacional da BMJ Consultores e Diretor Executivo do Instituto Brasileiro de Comércio, Investimento e Sustentabilidade (IBCIS).
O mercado norte-americano recebe 30% das exportações de café do Brasil, enquanto o suco de laranja enviado aos EUA representa 42% das vendas brasileiras.
Em 2024, as exportações de frutas brasileiras para os EUA totalizaram US$ 148 milhões. A manga foi o principal item da cesta, com 36 mil toneladas exportadas e uma receita de US$ 45,8 milhões, representando 14% dos embarques brasileiros no período, de acordo com dados da Associação Brasileira de Frutas (Abrafrutas).
O comércio dos EUA com o Brasil tem superavit para os americanos. Pelos dados oficiais brasileiros, os EUA registraram um superávit de US$ 1,7 bilhão com o país no primeiro semestre deste ano, um aumento de cerca de 500% em relação a 2024. O comércio bilateral somou US$ 41,7 bilhões no acumulado de janeiro a junho de 2025. Os produtos mais importados pelo Brasil são motores e máquinas não-elétricas, óleos combustíveis e aeronaves.