Agência de notícias
Publicado em 16 de junho de 2025 às 18h11.
O Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, afirmou nesta segunda-feira, 16, que soldados israelenses mataram, ao menos, 50 palestinos perto de um local de distribuição de ajuda humanitária, organizado pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), em Rafah, onde milhares de pessoas desesperadas tentam conseguir comida. Segundo o jornal israelense Haaretz, médicos afirmaram que 200 pessoas ficaram feridas.
De acordo com a rede americana CNN, citando autoridades de saúde de Gaza, pelo menos 300 pessoas foram mortas desde que a GHF abriu seus pontos de distribuição no final de maio. Nos outros incidentes, o Exército de Israel afirmou que algumas pessoas saíram da rota designada e desobedeceram a voz de comando dos soldados em solo, mesmo após "disparos de advertência".
Também no final de maio, quando a GHF foi fundada, Israel havia suspendido a entrada de ajuda humanitária em Gaza por 11 semanas. Porém, com a retomada do envio de ajuda ao enclave, organizações internacionais dizem que a quantidade é apenas uma pequena fração do que é necessário.
— Sem acesso imediato e massivo aos meios básicos de sobrevivência, corremos o risco de cair na fome, mais caos e a perda de mais vidas — disse o chefe humanitário da ONU, Tom Fletcher, na semana passada.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) disse que as autoridades israelenses permitiram que apenas um número seleto de agências da ONU e ONGs internacionais retomassem a entrega de ajuda a Gaza. "Apenas quantidades muito limitadas de certos itens alimentares, suprimentos nutricionais, alguns suprimentos de saúde e itens de purificação de água são permitidos", afirmou o Ocha.
Outros suprimentos de ajuda, como materiais de abrigo, produtos de higiene e equipamentos médicos ainda estão sendo bloqueados por Israel, de acordo com o Ocha.
A GHF, apoiada pelos EUA e Israel, foi criada em meio a acusações israelenses de que o Hamas estaria roubando a ajuda humanitária que entrava na Faixa de Gaza, lucrando com sua venda. A organização foi criticada por diversas agências internacionais de ajuda humanitária, dizendo que não é adequada para o propósito pretendido.
Ao contrário de agências da ONU e de ONGs que já estavam no território, a GHF concentrou seus pontos de distribuição em áreas ocupadas e declaradas seguras pelo Exército de Israel. O formato também exige que os palestinos se desloquem até essas posições para receber ajuda — antes, existiam cerca de 400 pontos de distribuição de alimento em Gaza —, o que deixa ainda mais expostas pessoas vulneráveis.
— As pessoas não conseguem encontrar nada para comer ou beber. O preço de um saco de farinha está agora 300 a 500 vezes mais caro do que antes. Parece que o mundo se esqueceu de nós — disse outro morador de Gaza, Abu Mohammed, à CNN.
No início deste mês, o Exército de Israel também abriu fogo contra palestinos que se deslocavam em direção ao GHF, em um incidente que deixou 27 mortos, de acordo com a Cruz Vermelha e o Ministério da Saúde de Gaza. Fontes palestinas e os próprios militares israelenses confirmaram o tiroteio, classificado pela ONU como um crime de guerra.
Em um comunicado, o Exército de Israel informou que seus soldados atiraram contra "suspeitos" que teriam avançado em direção à tropa durante o deslocamento de uma multidão em direção a um ponto de distribuição de alimento da Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês). Os militares afirmam que algumas pessoas saíram da rota designada e desobedeceram a voz de comando dos soldados em solo, mesmo após disparos de advertência.
As Nações Unidas se opõem ao novo sistema, alegando que ele coloca civis em perigo ao forçá-los a caminhar quilômetros para conseguir comida e pode facilitar um plano israelense de deslocar a população do norte de Gaza. A organização também alertou para o risco de forçar civis a buscar comida ao passar perto das linhas militares israelenses.