Javier Milei, presidente da Argentina, durante pronunciamento em 15 de setembro (Presidência da Argentina/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 17 de setembro de 2025 às 15h52.
Última atualização em 17 de setembro de 2025 às 18h12.
O dólar tem um dia de alta na Argentina nesta quarta-feira, 17, e superou o teto da banda de flutuação que havia sido estabelecido pelo governo de Javier Milei.
Pela manhã, o câmbio superou o valor de 1.474,40 pesos por dólar, o teto da banda. Em resposta, o Banco Central interveio e colocou US$ 53 milhões à venda. Ao fim do dia, o dólar mayorista (atacado) terminou o dia em 1.473,90 pesos por dólar.
Em abril, Milei abandonou o câmbio fixo e adotou um modelo de flutuação dentro de bandas. Se o dólar subir ou cair fora da faixa determinada, o Banco Central deve atuar para trazer o valor da moeda de volta ao previsto.
Assim, o BC argentino passou a vender dólares no mercado, mas a moeda segue em elevação. A entidade tem cerca de US$ 15 bilhões em caixa, obtidos com empréstimos como o feito com o Fundo Monetário Internacional (FMI), mas há dúvidas de até onde irá para manter a moeda forte.
O risco-país também atingiu 1.200 pontos, o maior valor em um ano.
No Brasil, a moeda americana vive movimento contrário e tem registrado o menor valor desde junho de 2024, na faixa de R$ 5,30 por dólar.
Nesta semana, Milei também prometeu aumentar os gastos com educação e aposentadorias em 2026, ao apresentar proposta de Orçamento para o ano seguinte.
A onda atual de disparada do dólar ganhou força após o partido de Milei, A Liberdade Avança, perder as eleições legislativas na província de Buenos Aires, em 7 de dezembro. A legenda teve 34% dos votos, ante 47% do Fuerza Patria, de esquerda.
A derrota política demonstrou que Milei terá desafios para as eleições de 26 de outubro, quando haverá renovação da Câmara e do Senado da Argentina.
O partido do presidente tem apenas 36 dos 257 assentos na Câmara dos Deputados, e a eleição traria a possibilidade de um avanço, que pode permitir a aprovação de mais pautas. Por outro lado, um avanço da oposição pode reduzir o apoio de outros partidos de centro e de direita ao governo Milei e reduzir seu poder na reta final do mandato.
Eleito em 2023, Milei adotou uma série de medidas duras, como cortes de gastos e demissões de funcionários, para conter o déficit fiscal e baixar a inflação do país. Ele conseguiu conter a alta de preços, mas as mudanças reduziram o poder de compra de muitos argentinos.