Antonio Costa, presidente do Conselho Europeu, durante evento em São Paulo (Divulgação)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 29 de maio de 2025 às 14h22.
Última atualização em 29 de maio de 2025 às 14h47.
Antonio Costa, presidente do Conselho Europeu, disse que a suspensão das tarifas recíprocas de Donald Trump, ordenada pela Justiça dos Estados Unidos, não suspende as negociações entre os americanos e a União Europeia sobre o tema.
"As relações internacionais não se resolvem por tuítes, por 'soundbites' [declarações curtas] para os meios de comunicação. Portanto, devemos nos manter calmos", disse Costa, em entrevista coletiva em São Paulo.
Costa participou do Fórum de Investimentos Brasil-União Europeia, organizado pela ApexBrasil e pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), nesta quinta-feira, 29.
"Quando os Estados Unidos colocam problemas, devemos escutar os Estados Unidos, procurar responder aos problemas, encontrar soluções e não criar novos problemas", disse.
"É isso que estamos fazendo, conversando com os Estados Unidos e procurando ultrapassar esta situação."
Ele ressaltou que os Estados Unidos suspenderam as tarifas de importação adicionais até junho, e que as conversas prosseguem.
"Até dia 9 de julho temos de continuar a negociar e esperamos que, para o bem da economia americana e da economia europeia, esse acordo seja possível, porque como todos sabemos, as tarifas não resolvem problema econômico nenhum. Só criam problemas econômicos", disse.
"Tarifas significam impostos, impostos significam aumento dos preços, aumento dos preços implica inflação e significa que os consumidores americanos vão pagar mais e que as empresas americanas terão ainda maiores danos para exportar, porque obviamente haverá também reciprocidade no aumento das tarifas. Seria mau para todos", afirmou.
Costa disse ainda esperar que o acordo entre União Europeia e Mercosul seja finalizado até dezembro deste ano.
"Em junho ou julho, o acordo será enviado para o Conselho Europeu. Nosso objetivo é que a assinatura possa ser coincidente com a reunião de cúpula do Mercosul, em dezembro", disse.
A reunião de cúpula do Mercosul será realizada este ano no Brasil, pois o país está com a presidência temporária do bloco neste ano. Costa disse que seria importante ter a finalização do acordo durante o mandato brasileiro, pois o país se empenhou muito por sua conclusão.
"Assinar em dezembro é um objetivo. Mas se for em janeiro, e não for em dezembro, não causará grandes problemas", disse.
O presidente disse que o acordo está na conclusão da fase de tradução para os idiomas de todos os países, para então ser analisado por cada um dos 27 países do bloco.
Costa afirmou ainda que o acordo foi debatido ao longo de 20 anos, e que os países precisam ter foco nos ganhos totais, em vez de analisar perdas e ganhos "linha por linha".