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Eleição na Bolívia neste domingo colocará fim a duas décadas de domínio da esquerda

Segundo turno será realizado no dia 19, e serão disputadas por dois candidatos de direita – Rodrigo Paz Pereira e Jorge Quiroga

Montagem com as fotos de Rodrigo Paz (à esq.) e Tuto Quiroga, que disputam a Presidência da Bolívia (AFP)

Montagem com as fotos de Rodrigo Paz (à esq.) e Tuto Quiroga, que disputam a Presidência da Bolívia (AFP)

Publicado em 18 de outubro de 2025 às 08h01.

A Bolívia se prepara para uma mudança histórica de governo neste domingo, 19. Após duas décadas, o país deixará de ser governado pela esquerda.

O país realiza o segundo turno da eleição, com um duelo entre Jorge Quiroga, concorrendo de forma independente, e Rodrigo Paz Pereira, do Partido Democrata Cristão (PDC).

Entre 2016 e 2019, o país foi governado por Evo Morales, do MAS (Movimento ao Socialismo). Evo saiu do poder naquele ano, sob pressão dos militares, e o país foi comandado, de forma interina, por Jeanine Añez por cerca de um ano. Em 2020, houve novas eleições e Luís Arce, também do MAS, foi eleito presidente. Seu mandato, no entanto, foi muito criticado, e Arce desistiu de disputar a reeleição.

Primeiro presidente indígena da Bolívia, Morales ficou famoso por suas medidas nacionalistas voltadas ao desenvolvimento doméstico.

Fazendo bom uso do lucro das exportações do gás natural, Morales foi capaz de redistribuir a riqueza e promover importantes projetos de infraestrutura no país. Assim, a Bolívia viu um forte crescimento econômico anual, anos lembrados como um boom econômico.

Já o governo Arce foi marcado por uma forte crise. As exportações de gás natural do país despencaram, conforme seus maiores compradores, o Brasil e a Argentina, descobriram outras reservas e reduziram as importações.

A crise abriu espaço para a oposição, que conseguiu superar o MAS no primeiro turno e deixar o partido de fora da rodada final.

Quem são os candidatos na Bolívia

Rodrigo Paz Pereira é filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993) que, por ser defensor das causas de esquerda, foi exilado para a Espanha pelo então ditador Hugo Banzer.

Foi durante esse exílio que Rodrigo Paz Pereira nasceu.

Originalmente membro da Câmara dos Deputados de Tarija, região no sudeste do país, Paz conseguiu se tornar prefeito da cidade homônima, servindo de 2015 a 2020. Depois,  tornou-se senador, cargo que ocupa até hoje.

Nas eleições de 2025, é o candidato do Partido Democrata Cristão e fez sua campanha prometendo medidas econômicas para as classes médias e baixas, como a facilitação da importação de produtos e uma reforma tributária.

Seu companheiro de chapa é o capitão de polícia Edman Lara, que ficou famoso nas redes sociais por seus vídeos denunciando a corrupção no departamento de polícia.

A companhia de Lara tem forte simbolismo no combate à corrupção no país.

As pesquisas indicavam seu suporte no primeiro turno em menos de 10%, mas ele surpreendeu observadores ao passar em primeiro lugar, com 32% dos votos.

De acordo com a plataforma AS/COA, que reúne as entidades Americas Society (AS) e Council of the Americas (COA), que, dentre outras atividades, conduz análises políticas, analistas podem ter subestimado o peso dos votos rurais desiludidos com o MAS para Paz Pereira.

Do outro lado está Jorge “Tuto” Quiroga, vice-presidente de Hugo Banzer entre 1997 e 2001, quando ele foi agora eleito democraticamente de 1997-2001. Quiroga assumiu a Presidência de forma temporária, após Banzer renunciar o cargo por problemas de saúde.

Quiroga concorre de forma independentesem o auxílio de um partido nem de um vice. Desde então, buscou a presidência em 2005 e em 2015, sem sucesso.

Dentre suas promessas, estão a privatização de certas empresas públicas deficitárias e a abertura dos mercados bolivianos ao mundo. Também tem foco em reduzir o déficit fiscal do país.

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