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Eleições na Argentina: entenda como funciona o sistema de voto no país

Pleito deste domingo, 26, renova a metade da Câmara e um terço do Senado em um teste crucial para o governo de Javier Milei

O voto na Argentina é obrigatório para todos os cidadãos com idade entre 18 e 70 anos. (AFP/AFP)

O voto na Argentina é obrigatório para todos os cidadãos com idade entre 18 e 70 anos. (AFP/AFP)

Luanda Moraes
Luanda Moraes

Colaboradora

Publicado em 24 de outubro de 2025 às 18h58.

Os argentinos vão às urnas neste domingo, 26, para escolher parte de seus representantes no Congresso Nacional. Trata-se das eleições legislativas de meio de mandato, conhecidas também como midterms, que acontecem justamente na metade do período presidencial de quatro anos.

Na prática, essas eleições funcionam como um termômetro da popularidade do presidente empossado, que completa dois anos de governo em dezembro.

Para Javier Milei, o atual presidente do país, essa etapa carrega uma tensão particular já que seu partido, La Libertad Avanza, conta com apenas 37 deputados de um total de 257 e 6 senadores de 72.

Assim, os resultados de domingo determinarão se o liberal terá força política para aprovar as reformas econômicas que defende ou enfrentará um Congresso travado até 2027, quando termina seu mandato.

Como funciona o sistema eleitoral argentino

A Argentina é uma república presidencialista federativa, organizada de forma semelhante ao Brasil, mas com algumas diferenças importantes que devem ser consideradas.

No topo da estrutura política está o presidente da República, eleito diretamente pelo povo a cada quatro anos, com sistema de turnos igual ao brasileiro.

Abaixo da presidência, está o Congresso de Argentina, dividido em duas casas legislativas: a Câmara dos Deputados e o Senado. Essa estrutura funciona como um sistema de freios e contrapesos, no qual ambas as casas precisam aprovar leis, orçamentos e reformas.

No país argentino, a Câmara dos Deputados tem 257 assentos, distribuídos proporcionalmente conforme a população entre as 23 províncias e a cidade de Buenos Aires. Desta forma, os deputados são eleitos por um sistema de proporção e têm mandato de quatro anos.

Já o Senado possui 72 assentos, com três senadores por província e três pela capital federal, independentemente do tamanho populacional, e cada senador tem mandato de seis anos.

A principal diferença quanto ao sistema brasileiro está no fato das casas passarem por uma renovação periódica, que acontecerá neste domingo, 26.

Como funcionam as eleições legislativas de meio de mandato

As midterms são um elemento central do calendário eleitoral argentino, sendo realizadas a cada dois anos e tendo como objetivo renovar parcialmente o Congresso.

Na Câmara dos Deputados, onde os mandatos duram quatro anos, metade das cadeiras é renovada a cada dois anos. Neste domingo, portanto, estarão em disputa 127 das 257 vagas.

Já no Senado, com mandatos de seis anos, um terço dos assentos é renovado a cada dois anos, o que significa 24 das 72 cadeiras em jogo.

Esse tipo de sistema prevê garantir que sempre haja parlamentares experientes no Congresso, ao mesmo tempo em que permite ao eleitorado avaliar o desempenho do governo.

O sistema de votação adotado é o proporcional por listas fechadas, utilizando o método D'Hondt para distribuição das cadeiras. Na prática, isso significa que o eleitor não vota em candidatos individuais, mas sim em um partido ou coalizão.

Assim, cada partido apresenta uma lista ordenada de candidatos por província, e aqueles mais bem posicionados são eleitos conforme a proporção de votos obtida.

Um exemplo: se um partido conquista votos suficientes para eleger cinco deputados em uma província, os cinco primeiros nomes da lista se tornam parlamentares.

O que está em jogo para o governo de Javier Milei

Com uma bancada minoritária no Congresso, o atual presidente tem enfrentado dificuldades para aprovar reformas em áreas como economia, previdência e administração pública, tornando essas eleições legislativas ainda mais decisivas para seu governo.

Assim, o objetivo do presidente é conquistar pelo menos um terço dos assentos em cada casa legislativa. Essa meta permitiria ao bloco governista bloquear iniciativas da oposição e facilitar a aprovação de decretos presidenciais.

Além disso, um bom desempenho no domingo fortaleceria a posição de Milei para as eleições presidenciais de 2027.

Na contramão desse cenário, uma derrota nas urnas pode paralisar o mandato de Javier Milei. A oposição peronista, reunida na coalizão Fuerza Patria, quer ampliar sua força no Congresso para funcionar como um freio às políticas ultraliberais do atual presidente. Esse grupo, atualmente, detém a maior bancada na Câmara.

Há ainda a terceira via, representada pela coalizão Províncias Unidas, que reúne governadores de diferentes regiões e busca romper a polarização entre governo e peronismo, embora tenha menos força.

Quem deve votar nas eleições deste domingo

O voto na Argentina é obrigatório para todos os cidadãos com idade entre 18 e 70 anos. Essa obrigatoriedade garante uma participação eleitoral elevada, geralmente acima de 70% do eleitorado.

Para jovens entre 16 e 17 anos, semelhante à prática adotada no Brasil, o voto é facultativo. Da mesma forma, pessoas com mais de 70 anos também podem escolher se desejam comparecer às urnas ou não.

Já os cidadãos na faixa obrigatória, caso não compareçam, devem apresentar justificativa ou podem acabar enfrentando multas, ou restrições administrativas.

Neste domingo, as urnas se abrem às 8h e fecham às 18h no horário local, que coincide com o horário de Brasília. A apuração é considerada rápida, e os primeiros resultados costumam aparecer entre 19h30 e 22h.

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