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Eleições na Argentina: quais são os principais partidos e o que defendem?

Disputa para renovar o Congresso Nacional coloca frente a frente ultraliberais, peronistas e forças emergentes em teste decisivo para o governo Milei

Apesar da liderança governista, analistas políticos consideram a disputa apertada, especialmente em províncias estratégicas como Buenos Aires. (Luis Robayo/AFP/Getty Images)

Apesar da liderança governista, analistas políticos consideram a disputa apertada, especialmente em províncias estratégicas como Buenos Aires. (Luis Robayo/AFP/Getty Images)

Luanda Moraes
Luanda Moraes

Colaboradora

Publicado em 24 de outubro de 2025 às 19h15.

Última atualização em 24 de outubro de 2025 às 20h20.

As eleições legislativas deste domingo, 26, na Argentina chegam com uma tensão adicional para o governo de Javier Milei. Neste final de semana, estarão em jogo 127 cadeiras da Câmara dos Deputados e 24 do Senado, podendo aumentar o poder do ultraliberal ou travá-lo de vez.

Embora o sistema argentino tenha como objetivo garantir a renovação parlamentar, as chamadas "midterms" também funcionam como um termômetro para o governo atual.

No caso de Milei, estarão em jogo as políticas econômicas radicais implementadas nos últimos dois anos, marcadas por cortes significativos em ministérios e reformas que geraram divisões na população.

Além disso, o cenário é ainda mais complexo devido à crescente polarização política na Argentina, com o confronto entre o ultraliberalismo do governo e o peronismo tradicional dominando o debate político.

La Libertad Avanza, partido de Javier Milei

O partido do presidente, La Libertad Avanza, defende um modelo de liberalismo econômico extremo que prevê a redução drástica do tamanho do Estado. Com isso, suas principais propostas incluem a eliminação de impostos, a dolarização da economia e um amplo processo de privatizações.

Em diversas ocasiões, Milei se definiu como "anarcocapitalista" e mostrou o desejo de promover reformas trabalhistas, além de cortes pesados em ministérios e gastos públicos. Na área social, o partido tem uma linha conservadora, com resistência a pautas progressistas e foco em segurança pública.

Atualmente, a bancada governista conta com apenas 37 deputados e seis senadores, o que torna difícil aprovar medidas sem negociar com outras forças. Por isso, para o governo, a prioridade máxima é aumentar esse número.

Quem são os aliados de Milei no Congresso?

Para avançar com sua agenda econômica, Milei precisou buscar apoio além do seu próprio partido. O principal aliado é o PRO (Propuesta Republicana), partido do ex-presidente Mauricio Macri, que defende uma linha liberal mais moderada.

Essa aliança tem sido fundamental para que o governo consiga aprovar projetos no Congresso. Em vários distritos, La Libertad Avanza e o PRO apresentaram listas conjuntas ou fizeram acordos eleitorais para não dividir votos.

Outros aliados de Milei incluem setores dissidentes da União Cívica Radical e alguns governadores provinciais que apoiam suas reformas econômicas. Contudo, essas alianças costumam ser instáveis e dependem de negociações caso a caso.

Fuerza Patria, a principal oposição a Milei

Do outro lado está a Fuerza Patria, que concentra a principal oposição a Milei e reúne o peronismo tradicional e o kirchnerismo. A coalizão é liderada por figuras como Cristina Fernández de Kirchner e o governador de Buenos Aires, Axel Kicillof.

Diferente do ultraliberalismo de Milei, o movimento defende a justiça social e o papel ativo do Estado na economia como forma de proteger os mais vulneráveis. Entre as propostas estão o aumento de gastos sociais, a defesa de aposentados e pessoas com deficiência, e a proteção aos serviços públicos.

A oposição peronista critica duramente as políticas de austeridade de Milei, argumentando que elas elevaram os índices de pobreza acima de 50% da população. Dessa forma, o partido tem se apresentado como uma alternativa viável para as eleições presidenciais de 2027.

Atualmente, a Fuerza Patria tem a maior bancada na Câmara dos Deputados e quer aumentar sua presença para barrar as reformas de Milei, que considera prejudiciais às classes populares.

Outras forças políticas na disputa

A Juntos por el Cambio tem se apresentado como uma terceira via de centro-direita, reunindo a União Cívica Radical e dissidentes de outras legendas.

Embora defenda o liberalismo econômico, o grupo propõe reformas mais moderadas que as de Milei, com foco na transparência e no equilíbrio fiscal.

A coalizão também é crítica tanto dos excessos ultraliberais quanto do populismo peronista, se posicionando como uma opção para eleitores que querem fugir das extremidades.

Apesar disso, seu maior desafio tem sido evitar a fragmentação em um cenário cada vez mais polarizado.

Em meio à disputa, há a presença da Frente de Izquierda, que se enquadra como partido de extrema-esquerda e defende mudanças radicais no sistema econômico, com nacionalizações e fortalecimento dos direitos trabalhistas.

Ainda que tenha pouca presença no Congresso, a frente mantém uma base fiel entre sindicatos e movimentos sociais.

Na contramão estão as Provincias Unidas, partido que surge como força regionalista, reunindo governadores de províncias do interior que defendem maior autonomia.

O grupo busca romper a polarização tradicional e representa cerca de 5% das intenções de voto.

Pesquisas mostram disputa apertada entre governo e oposição

A pesquisa mais recente do instituto AtlasIntel aponta o partido La Libertad Avanza no topo das intenções de votos, com 41,1%.

A Fuerza Patria aparece em segundo lugar, com 37,2%, seguida por Provincias Unidas (5,8%) e Frente de Izquierda (3,6%).

Com margem de erro de 1 ponto percentual, os dados mostram que o partido de Milei lidera entre homens e jovens até 34 anos, enquanto a oposição peronista tem vantagem entre mulheres e eleitores com ensino superior.

Apesar da liderança governista, analistas políticos consideram a disputa apertada, especialmente em províncias estratégicas como Buenos Aires.

Assim, o resultado pode definir não apenas o futuro imediato das reformas econômicas, mas também o cenário para as eleições presidenciais de 2027.

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