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Eleições na Bolívia: candidatos de oposição lideram intenção de voto, mostra pesquisa AtlasIntel

País vai às urnas neste domingo para escolher novo presidente que sucederá Luís Arce

Jorge "Tuto" Quiroga, candidato à presidente da Bolívia, durante comício (Martin Bernetti/AFP)

Jorge "Tuto" Quiroga, candidato à presidente da Bolívia, durante comício (Martin Bernetti/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 15 de agosto de 2025 às 09h02.

Última atualização em 15 de agosto de 2025 às 15h09.

Dois candidatos de oposição lideram as pesquisas eleitorais na Bolívia, mostra uma pesquisa da AtlasIntel divulgada nesta sexta-feira, 15. O país terá o primeiro turno das eleições para presidente no domingo, 17.

O ex-presidente Jorge "Tuto" Quiroga aparece com 22,3%, seguido pelo empresário Samuel Doria Medina, com 18%. Em terceiro lugar, vem Andrónico Rodriguez, atual presidente do Senado e independente, com 11,4%.

O candidato do governo, o ministro Eduardo del Castillo, vem em quarto lugar, com 8,1% dos votos.

Além disso, 14,6% disseram que votarão branco ou nul e 8,4% dizem não saber.

A pesquisa ouviu 1.916 bolivianos entre os dias 11 e 14 de agosto. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Crise na Bolívia

A Bolívia vive uma crise, com inflação alta, acima de 5% ao ano, e dólares em falta. Assim, a troca de comando trazida pela eleição gera expectativas. " Esperam-se mudanças que tragam correções na economia e gerem confiança internacional, além de empréstimos, alívios da dívida e chegada de capitais à Bolívia", diz Carlos Carrafa, diretor do curso de ciência política da Universidade Católica Boliviana.

Há grandes chances de mudança, pois o atual presidente Luis Arce, de esquerda, desistiu da reeleição.

As pesquisas indicam favoritismo de nomes de direita, que defendem abandonar o modelo nacionalista, adotado desde 2005, e abrir o país ao exterior.

A direita se divide entre novatos na política, como o empresário Samuel Medina, e veteranos, como o ex-presidente Jorge Quiroga. Do outro lado, o partido MAS é representado pelo ministro Eduardo del Castilho, que aparece com chances baixas de chegar ao segundo turno, marcado para 20 de outubro.

A Bolívia vive uma crise em grande parte provocada pelos subsídios, como para a gasolina, pagos pelo governo e que geram dívida em dólares. A medida foi adotada no governo de Evo Morales (2005-19), marcado por um boom na economia do país e por um aumento da distribuição de renda. Arce, ex-ministro de Evo, não conseguiu manter a boa fase ao chegar à Presidência.

"Arce é um marxista tradicional, enquanto Evo era mais pragmático e político na economia", diz Daniel Lansberg, fundador da consultoria Aurora Macro Strategies e professor da universidade Northwestern.

Arce e Evo hoje são inimigos. O ex-presidente, impedido de competir, comanda protestos de rua contra o governo e tenta desestabilizar a disputa. Analistas apontam que há grande risco de alguma tentativa de ruptura e de questionamento de resultados.

Os candidatos à Presidência na Bolívia

Quem está na disputa

Samuel Doria Medina
Partido: Alianza Unidad (centro-direita)
Ex-presidente da Soboce, maior fabricante de cimento da Bolívia, tem 66 anos e lidera as pesquisas

Jorge Quiroga
Partido: Libre (centro)
Ex-presidente do país (2001-2002), perdeu duas eleições presidenciais para Evo Morales. Tem 65 anos.

Andrónico Rodríguez
Partido: independente
Presidente do Senado desde 2020, tem 36 anos e é filho de um produtor de coca.

Eduardo del Castillo
Partido: MAS (esquerda)
Ministro da Segurança no governo atual, tem 36 anos. É formado em direito e fez carreira no serviço público

Quem está fora da eleição

Evo Morales
Partido: Evo Pueblo (esquerda)
Ex-presidente de 2006 a 2019, teve a candidatura barrada na Justiça por exceder o número de mandatos permitidos.

Luis Arce
Partido: MAS (esquerda)
Atual presidente, desistiu da reeleição após ser alvo de fortes protestos nos últimos anos. Era aliado de Morales, mas os dois viraram rivais.

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