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Irã fez ataque ao Catar de modo a facilitar fim do conflito com os EUA, entenda

Iranianos estão em conflito com Israel e Estados Unidos, que querem impedir o país de obter uma bomba nuclear

Mísseis foram vistos no céu de Doha nesta segunda-feira, 23 (AFP)

Mísseis foram vistos no céu de Doha nesta segunda-feira, 23 (AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 23 de junho de 2025 às 14h54.

Última atualização em 23 de junho de 2025 às 16h41.

O ataque feito pelo Irã a uma base americana no Catar nesta segunda, 23, foi feito de modo a evitar uma escalada na crise dos Estados Unidos, apontam analistas e fontes ouvidos pela imprensa americana.

Segundo o The New York Times, que ouviu três autoridades do Irã, o país deu um aviso antecipado ao Qatar que faria o ataque. Eles disseram ao jornal americano que o Irã precisava atacar os EUA de alguma forma, para retaliar o bombardeio que sofreram no sábado, mas que isso precisava ser feito de modo a criar uma porta de saída para a crise.

O Irã fez um ataque com mísseis contra uma base americana no Catar, na noite de segunda-feira, 23, na hora local. Os projéteis, no entanto, foram contidos pela defesa aérea do país e não houve vítimas, segundo autoridades do Catar.

Antes de os mísseis chegarem, o espaço aéreo do Catar foi fechado e os americanos na cidade foram orientados a buscar abrigo, o que também ajudou a evitar maiores danos. O aeroporto de Doha é um dos principais terminais do Oriente Médio, por ser a sede da companhia aérea Qatar Airways.

As autoridades do Irã também buscaram destacar que o ataque desta segunda usou a mesma quantidade de bombas disparadas pelos americanos, deixando de lado o fato que os EUA usaram algumas das bombas mais potentes do mundo contra as instalações iranianas.

“A base visada pelas poderosas forças iranianas também ficava a uma distância considerável de instalações urbanas e áreas residenciais no Catar", disse o Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, segundo a agência Associated Press.

"Esta ação não representou perigo algum para a nossa nação amiga e fraterna do Catar e seu honrado povo. A República Islâmica do Irã permanece comprometida em preservar e dar continuidade às suas relações calorosas e históricas com o Catar", afirmou o comunicado.

Com a proporcionalidade do ataque respeitada, os EUA terão um argumento a menos para fazer uma represália, e, ao mesmo tempo, os dois lados poderão dizer a seus cidadãos que fizeram ataques ao rival. Isso também abriria caminho para novas negociações, ou ao menos uma esfriada no conflito.

Um funcionário da Casa Branca, que pediu anonimato, disse à CNN que o governo americano já esperava uma retaliação do Irã, e que o presidente Donald Trump não deseja novas ações militares no Oriente Médio, embora o cenário possa mudar.

Como foi o ataque ao Qatar

O Irã disparou ao menos 11 mísseis contra a base americana de Al Udeid, no Catar. Projéteis foram vistos sobrevoando Doha, capital do país, no começo da noite na hora local (tarde no Brasil).

O governo do Catar disse que suas defesas aéreas conseguiram conter os mísseis e que não houve vítimas, segundo Majed al-Ansari, porta-voz do Ministério das Relações Anteriores. 

Apesar disso, Ansari condenou o ataque, que chamou de "violação flagrante da soberania do Estado do Catar, de seu espaço aéreo, da lei internacional e da Carta da ONU.

"O Catar reserva-se o direito de responder diretamente, de forma equivalente, à natureza e à escala desta agressão descarada, em conformidade com o direito internacional”, disse Ansari.

A base de Al Udeid fica perto da capital, Doha, e é a sede do comando de operações aéreas dos EUA no Oriente Médio. O local abriga cerca de 8.000 militares americanos.

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