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Em telefonema com Trump, Putin se diz disposto a negociar com a Ucrânia

Kremlin confirmou que telefonema começou no início da tarde desta quinta-feira

Putin e Trump: líderes das maiores potências nucleares discutem questões de segurança internacional e guerra na Ucrânia (Ludovic MARIN/AFP)

Putin e Trump: líderes das maiores potências nucleares discutem questões de segurança internacional e guerra na Ucrânia (Ludovic MARIN/AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 3 de julho de 2025 às 14h35.

Última atualização em 3 de julho de 2025 às 14h53.

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Em um novo contato sem mediadores, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder russo, Vladimir Putin, voltaram a se falar por telefone nesta quinta-feira. O telefonema, confirmado pelo Kremlin e que teve duração aproximada de 1 hora, ocorre em um momento em que Washington anunciou a interrupção parcial do envio de ajuda à Ucrânia, que é alvo de uma invasão russa desde fevereiro de 2022.

A guerra na Ucrânia e a situação do Oriente Médio estiveram em pauta durante o telefonema, segundo informações transmitidas pelo Kremlin. Putin defendeu que o conflito com o Irã e questões naquela região deveriam ser resolvidas por meio da diplomacia, ao passo que, ao abordar à guerra no Leste Europeu, disse que quer continuar negociações de paz com a Ucrânia, mas que Moscou não vai renunciar aos seus objetivos.

— Nosso presidente disse que a Rússia alcançará os objetivos que estabeleceu, ou seja, as causas profundas que levaram à situação atual. A Rússia não desistirá desses objetivos — disse Yuri Ushakov, assessor do Kremlin, a repórteres. — Ele também falou da prontidão do lado russo em continuar o processo de negociação.

Trump e a suspensão da ajuda à Ucrânia

Trump anunciou a conversa com Putin em um post nas redes sociais, escrevendo: "Falarei com o presidente Putin da Rússia às 10h. Obrigado!". Ele tem um telefonema marcado com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na sexta-feira, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto.

A ligação com Putin ocorre dois dias depois do anúncio da Casa Branca sobre a suspensão parcial no envio de ajuda à Ucrânia — uma medida comemorada pelo Kremlin, que se manifestou na quarta-feira, afirmando que quanto menos armas chegassem a Kiev, mais rapidamente o conflito se resolveria. O governo americano citou razões de "interesse nacional" ao anunciar a suspensão. Após uma revisão dos estoques de munições dos EUA, havia preocupação de que esses níveis estivessem muito baixos. Entre as armas que estão sendo suspensas, segundo apuração da Bloomberg, estão projéteis de artilharia de 155 mm e baterias de defesa aérea Patriot — armas cruciais para a Ucrânia repelir os ataques cada vez mais constantes de drones russos.

A agência de notícias russa Ria Novasti noticiou que Trump e Putin não tocaram no tema da interrupção parcial no fornecimento de armas americanas à Ucrânia.

Frustração de Trump e a busca pela paz

Trump assumiu o cargo prometendo encerrar rapidamente a guerra na Ucrânia, mas esses esforços não obtiveram força, com Putin recusando os pedidos de interrupção dos combates e rejeitando os pedidos para se encontrar pessoalmente com Zelensky. Discussões de menor alcance entre a Rússia e a Ucrânia resultaram em trocas de prisioneiros, mas não garantiram um avanço maior para encerrar a guerra.

O presidente americano tem se mostrado cada vez mais frustrado, sugerindo, por vezes, que está disposto a abandonar seus esforços se não acreditar que os dois países levam a sério a busca pela paz. Essa perspectiva alarmou os aliados de Kiev, que temem que Trump possa abandonar a Ucrânia. Trump também se recusou a prometer apoio americano a qualquer potencial força de segurança para ajudar a manter um futuro cessar-fogo.

Conversas entre as potências nucleares

Os presidentes das maiores potências nucleares do mundo conversaram cinco vezes desde o retorno de Trump à Casa Branca, em janeiro. Na última conversa, em 14 de junho, o mandatário russo disse ao americano que estava pronto para uma nova rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia, mas não houve definição de nenhuma data.

Abordagem diplomática de Putin

Via diplomática Embora esteja em guerra há mais de três anos, depois da decisão unilateral de invadir a Ucrânia, Putin defendeu a abordagem diplomática como solução para desavenças internacionais. Ao menos quando a situação se passa no Oriente Médio.

Foi isso que disse o assessor Ushakov à imprensa ao relatar o telefonema do líder russo com Trump. O conselheiro afirmou que Putin defendeu que os conflitos no Irã, bem como outros no Oriente Médio devem ser resolvidos diplomaticamente.

— Do lado russo, foi enfatizada a importância de resolver todas as questões em disputa, desacordos e situações conflitantes exclusivamente por meios político-diplomáticos — disse. (Com AFP e Bloomberg)

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