Queda na fertilidade pode cortar pela metade o PIB da China até 2050, aponta estudo (Getty Images/Getty Images)
Redatora
Publicado em 5 de agosto de 2025 às 15h30.
A China pode enfrentar uma redução superior a 50% em seu Produto Interno Bruto (PIB) até 2050 devido à crise de fertilidade e ao envelhecimento acelerado da população, segundo relatório da consultoria Oxford Economics.
A estimativa é que o crescimento potencial da economia chinesa caia de cerca de 4% para menos de 2% no mesmo período.
O principal fator por trás desse cenário é a queda das taxas de natalidade abaixo dos níveis de reposição da população, o que significa que o número de novos trabalhadores não é suficiente para substituir os que se aposentam. Isso reduz a força de trabalho e eleva a taxa de dependência, pressionando o sistema previdenciário, o consumo interno e os investimentos privados.
A taxa de natalidade na China foi de 7,24 nascimentos por 1.000 habitantes em 2025, segundo a World Population Review, enquanto nos Estados Unidos esse índice foi de 11. Em países como Canadá e Reino Unido, as taxas chegaram a 9,82 e 10 por 1.000 pessoas, respectivamente.
Com menos pessoas em idade ativa, o consumo tende a cair, o que reduz a demanda interna e desacelera o investimento privado. Ao mesmo tempo, os gastos públicos aumentam para sustentar uma população mais idosa, ampliando o endividamento do governo. A Oxford Economics projeta que, na ausência de reformas, a relação dívida/PIB da China pode crescer rapidamente nas próximas décadas.
Segundo os autores do estudo, Marco Santaniello e Benjamin Trevis, a taxa de dependência — que compara o número de pessoas em idade ativa com o número de idosos — deve crescer 60 pontos percentuais na China entre 2010 e 2060. Com isso, o aumento previsto para o Brasil é de aproximadamente 35 pontos, e de pouco mais de 10 nos Estados Unidos.
A desaceleração demográfica é uma preocupação comum em várias economias. Estados Unidos e Reino Unido, por exemplo, têm a possibilidade de compensar parte das perdas na força de trabalho ao atrair imigrantes economicamente ativos. A Oxford Economics estima que um aumento na imigração para os EUA — de 1,1 milhão para 1,5 milhão de pessoas por ano até 2033 — pode impulsionar significativamente o crescimento econômico até 2050.
No caso da China, a baixa taxa de imigração e o tamanho da população dificultam essa estratégia. Além disso, a pressão sobre as famílias tende a crescer. Em países com redes de proteção social menos desenvolvidas, a responsabilidade pelos cuidados com idosos recai de forma mais intensa sobre os núcleos familiares.
O estudo destaca que, mesmo em países com bem-estar social mais consolidado, as finanças públicas devem ser pressionadas nas próximas décadas. A previsão é que a dívida pública americana ultrapasse 250% do PIB até 2060, caso não haja reformas estruturais como aumento da idade mínima para aposentadoria ou estímulos à participação no mercado de trabalho.
A Oxford Economics alerta que países com alto nível de endividamento terão menor capacidade de resposta a futuras crises econômicas e menos espaço fiscal para lidar com os efeitos do envelhecimento populacional. Sem ajustes nas políticas previdenciárias e trabalhistas, os sistemas de apoio social podem se tornar insustentáveis.