Agência de notícias
Publicado em 25 de setembro de 2025 às 15h12.
A Eslovênia proibiu, nesta quinta-feira, a entrada do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, no país. A justificativa para a decisão cita os processos em curso contra o israelense o Tribunal Penal Internacional (TPI) por supostos crimes de guerra cometidos durante a ofensiva militar em Gaza. O TPI emitiu em novembro ordens de prisão contra Netanyahu e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant.
"Com essa medida, o governo envia uma mensagem clara a Israel de que a Eslovênia espera um respeito constante às decisões dos tribunais internacionais e ao direito internacional humanitário", declarou o Executivo esloveno em um comunicado.
Em julho, a Eslovênia já havia proibido a entrada em seu território de dois ministros israelenses de extrema direita, Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich, acusando-os de incitar a "violência extrema e graves violações dos direitos humanos dos palestinos" com "suas declarações genocidas".
Em quase dois anos de conflito, as operações militares israelenses em Gaza deixaram pelo menos 65.500 palestinos mortos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas, cujos números são considerados confiáveis pela ONU.
Na semana passada, investigadores da ONU acusaram Israel de cometer um "genocídio" em Gaza com o objetivo de "destruir os palestinos" que vivem no território e culparam o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e outros funcionários de alto escalão por instigar o crime. Após o anúncio, o Ministério das Relações Exteriores de Israel "rejeitou categoricamente o documento tendencioso e mentiroso".
Um dia depois, a Comissão Europeia, órgão Executivo da União Europeia, apresentou um projeto para restringir benefícios preferenciais de comércio com Israel e impor sanções contra ministros do gabinete de Benjamin Netanyahu, colonos judeus e representantes do Hamas, na proposta mais ampla para pressionar pelo fim da guerra na Faixa de Gaza.
A iniciativa acontece em um momento em que a ofensiva israelense contra a principal cidade do enclave palestino força o deslocamento de centenas de milhares de pessoas, motivando a preocupações sobre um agravamento ainda maior da catástrofe humanitária na região.
Nos últimos meses foram registrados em Gaza os níveis mais altos de desnutrição desde o início do conflito, em outubro de 2023, e a maior cidade da região foi oficialmente declarada em situação de fome por um painel de especialistas em segurança alimentar. Segundo dados reunidos por agências humanitárias sob coordenação do Unicef, agência das Nações Unidas para a infância, 16% das crianças examinadas em Gaza, com idades entre seis meses e cinco anos, estavam desnutridas no mês de julho, quase o dobro em relação ao mês anterior. E em julho e agosto, cerca de 25 mil crianças foram tratadas por desnutrição aguda na região.
O Exército israelense afirmou nesta quinta-feira que, desde o fim de agosto, cerca de 700 mil palestinos fugiram da Cidade de Gaza em direção ao sul do enclave, em meio à ofensiva de Tel Aviv lançada com o objetivo de "destruir" o grupo terrorista Hamas. Já o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA, na sigla em inglês), por outro lado, apresentou um número mais conservador, afirmando que cerca de 388 mil palestinos teriam fugido.
A guerra eclodiu após o ataque de 7 de outubro de 2023 do Hamas contra Israel, que deixou 1.219 israelenses mortos, a maioria civis, segundo dados oficiais.