Agência de Notícias
Publicado em 24 de fevereiro de 2025 às 10h47.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2025 às 10h47.
O ministro da Agricultura da Espanha, Luis Planas, destacou nesta segunda-feira, 24, que, com o acordo entre a União Europeia e Mercosul, o clube comunitário está "ampliando suas possibilidades comerciais".
"O que estamos fazendo com o Mercosul é ampliar as possibilidades, eu diria comerciais da União Europeia, inclusive do ponto de vista agroalimentar, para um mercado de 268 milhões de pessoas, das quais 212 vivem no Brasil", disse o político ao chegar à reunião dos ministros da Agricultura dos 27 países que acontece hoje em Bruxelas.
Ressaltou que o Mercosul é um mercado “com uma tendência muito positiva em relação a produtos como azeite ou vinho”.
"O azeite de oliva tem uma tarifa de 10%. O vinho tem uma tarifa de 35%. Portanto, em vez de olhar para isso de forma defensiva, temos que olhar para isso ofensivamente. Temos ali uma oportunidade geopolítica e uma oportunidade comercial", manifestou.
Planas foi questionado se via contradição entre apoiar o acordo com o Mercosul e também as cláusulas-espelho.
Planas disse que não vê isso "de forma alguma" e explicou que "do ponto de vista das cláusulas-espelho, elas se referem aos produtos fitossanitários, sua proibição em relação à entrada na União Europeia".
"Este é um debate específico, diferente do debate comercial. Não somos protecionistas, defendemos como europeus um comércio internacional baseado em regras", frisou.
Ele explicou que tanto a Espanha quanto a Comissão, em sua Visão sobre Agricultura e Alimentação, documento no qual Bruxelas expõe suas reflexões sobre o futuro do setor agroalimentar dos Vinte e Sete, defendem a reciprocidade.
"Se um produto for proibido na União Europeia, produtos alimentícios que tenham usado aquele produto fitofarmacêutico não poderão ser admitidos", disse Planas.
Ele ressaltou que qualquer produto proveniente "não só do Mercosul, mas de qualquer país fora da União Europeia, deve atender às condições estabelecidas pela segurança alimentar e, portanto, às regras da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar dentro da UE".
Sobre a Visão sobre Agricultura e Alimentação, Planas a descreveu como um documento "positivo" e explicou que o governo espanhol a apoia porque "fornece uma perspectiva geral dos desafios imediatos que enfrentamos em relação à agricultura e à alimentação na União Europeia".
O político enfatizou especialmente que a proibição de vender com prejuízo foi incluída em um documento da Comissão "pela primeira vez".
Sobre a PAC após 2027, ele disse que essa política "deve ser para os agricultores e pecuaristas que precisam dela" e não "uma ajuda horizontal e generalizada, digamos, mas sim realmente focada na imensa classe média da agricultura, os pequenos e médios agricultores".
Em termos de práticas comerciais, ele também enfatizou a reciprocidade.
Por outro lado, Planas disse estar preocupado “em uma perspectiva de médio ou longo prazo” com a situação do mercado de fertilizantes na Europa.
"Adotamos medidas restritivas em relação à Rússia, que é um dos maiores produtores, junto com Belarus, de fertilizantes do mundo. O aumento do preço do gás, logicamente ligado ao aumento do preço da amônia e do gás fosfatado, é um fator preocupante do ponto de vista do preço, como é obviamente o caso dos fosfatos e do potássio", afirmou.
"Esta é uma questão que devemos tentar resolver em nível europeu. Também é um bom exemplo da autonomia estratégica da União Europeia, mas, claro, temos muito pouco tempo para ajustar a oferta e a demanda dentro do mercado e, para mim, este é um elemento de preocupação", disse.
Questionado sobre o andamento das negociações técnicas entre os Estados-membros para chegar a um acordo sobre regras para novas técnicas genômicas, ele admitiu estar "agradavelmente surpreso".
"Nós realmente já deveríamos ter aprovado uma regulamentação dessa natureza", declarou.
Admitiu que foi "um pouco precipitado" aprovar as novas regras antes do início de julho, mas disse que gostaria que elas estivessem no diário oficial da UE "antes do final do ano".