Papa Francisco, pontífice é o líder da Igreja Católica (Filippo MONTEFORTE /AFP)
Agência de notícias
Publicado em 2 de março de 2025 às 16h52.
O estado de saúde do Papa Francisco está “estável”, mas o seu quadro clínico continua complexo, informou o mais recente boletim médico do Vaticano neste domingo. Mais cedo, o Pontífice de 88 anos, internado há 17 dias, agradeceu aos fiéis pelo apoio em mensagem divulgada pela Santa Sé.
O chefe da Igreja Católica foi internado no Policlínica Gemelli de Roma em 14 de fevereiro com uma bronquite que mais tarde evoluiu para pneumonia em ambos os pulmões. Depois de parecer ter se recuperado um pouco durante a semana passada, o Papa argentino sofreu uma crise respiratória na sexta-feira, causando preocupação generalizada. O fim de semana, no entanto, foi mais calmo.
“As condições clínicas do Santo Padre permaneceram estáveis hoje”, disse o Vaticano. Ele não teve febre e, na manhã de domingo, participou da missa, passando o resto do dia alternando descanso com oração, acrescentou.
Segundo a Santa Fé, Francisco “não precisou de ventilação mecânica não invasiva, apenas de oxigenoterapia de alto fluxo”.
Uma fonte do Vaticano ouvida pela AFP disse que, passadas 48 horas, parecia não ter havido “nenhuma outra consequência” da crise de sexta-feira. No entanto, a declaração da Santa Sé acrescentou que “em vista da complexidade do quadro clínico, o prognóstico permanece reservado”.
Líder dos quase 1,4 bilhão de católicos do mundo, Francisco, nascido Jorge Bergoglio, faltou à sua tradicional oração do Angelus pelo terceiro domingo consecutivo, e o Vaticano emitiu um texto escrito em seu lugar.
“Gostaria de agradecê-los pelas orações, que se elevam ao Senhor dos corações de tantos fiéis de muitas partes do mundo”, escreveu ele. “Sinto todo o seu afeto e proximidade e, neste momento particular, sinto-me como se fosse 'carregado' e apoiado por todo o povo de Deus. Obrigado a todos vocês.”
O Papa concluiu fazendo um apelo, como sempre faz durante sua oração do Angelus, pela paz em todo o mundo. “Daqui, a guerra parece ainda mais absurda. Oremos pela atormentada Ucrânia, Palestina, Israel, Líbano, Mianmar, Sudão e Quivu”, escreveu Francisco.
Na Praça de São Pedro, onde os peregrinos normalmente se reúnem para ouvir o Papa ao meio-dia de um domingo, alguns na multidão expressaram preocupação com sua ausência.
"O primeiro pensamento quando você entra na praça é olhar para onde ele geralmente olhava pela janela", disse Lorena Compare, uma contadora de 49 anos, à AFP. "Vamos torcer".
O jesuíta, que é Papa desde 2013, sofreu inúmeros problemas de saúde nos últimos anos, desde uma cirurgia de cólon em 2021 até uma operação de hérnia em 2023 e dores que o levam a usar uma cadeira de rodas.
Mas, com 17 dias, essa é a hospitalização mais longa e mais grave de seu Papado, gerando uma preocupação generalizada sobre sua saúde e seu futuro à frente da Igreja. No último fim de semana, o Vaticano informou que o Pontífice estava em uma condição “crítica” depois de sofrer um ataque respiratório grave e precisar de transfusões de sangue.
Seguiu-se uma série de melhoras graduais, mas na sexta-feira Francisco “apresentou uma crise isolada de broncoespasmo que levou a um episódio de vômito com inalação e uma piora súbita do quadro respiratório”, disse o Vaticano.
No sábado, o Vaticano disse que não houve repetição dessa crise e que ele estava em uma condição “estável”.
Os parâmetros hemodinâmicos do papa — aqueles relacionados ao fluxo sanguíneo — também estavam estáveis, e ele não apresentava a alta contagem de glóbulos brancos que geralmente indica uma infecção, disse o Vaticano.
Católicos e outros simpatizantes de todo o mundo têm orado pelo Papa reformista liberal e o primeiro latino-americano. Os peregrinos têm se reunido no hospital Gemelli, muitos deixando mensagens escritas à mão, incluindo pôsteres ilustrados por crianças e balões com sua imagem.
Francisco continuou a trabalhar na suíte papal especial no 10º andar do hospital, em meio a especulações sobre sua capacidade de continuar a liderar a Igreja.
Francisco sempre deixou em aberto a opção de renunciar se sua saúde piorasse, seguindo o exemplo de seu antecessor, o teólogo alemão Bento XVI, que renunciou em 2013. Antes de sua hospitalização, Francisco disse várias vezes que ainda não era o momento — e talvez nunca seja.
Ele mantém uma agenda lotada, especialmente com a Igreja celebrando o ano santo do Jubileu este ano, um evento que, segundo as previsões, atrairá dezenas de milhões de peregrinos a Roma e ao Vaticano.
No entanto, os médicos especialistas advertiram que a idade e a saúde de Francisco significam que uma recuperação sustentável levará tempo.