Agência de Notícias
Publicado em 15 de maio de 2025 às 14h48.
Última atualização em 15 de maio de 2025 às 14h53.
Dois veteranos analistas de inteligência dos Estados Unidos foram demitidos após redigirem um memorando que nega o papel do governo da Venezuela como líder da gangue criminosa Tren de Aragua, uma narrativa usada pelo governo de Donald Trump para justificar suas deportações.
A diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, demitiu Mike Collins, diretor interino do Conselho Nacional de Inteligência, e sua vice, Maria Langan-Riekhof, segundo informaram vários meios de comunicação, incluindo a emissora “CNN” e o jornal “The Washington Post”.
Alexa Henning, vice-chefe de gabinete de Gabbard, afirmou nas redes sociais que os indivíduos demitidos são "remanescentes" do governo anterior de Joe Biden (2021-2025), que "politizaram a inteligência" do país.
Henning também acusou o Conselho Nacional de Inteligência de vazar informações confidenciais, o que, segundo enfatizou, "é ilegal".
As demissões ocorreram uma semana depois de um documento interno da agência vir à tona, no qual os dois funcionários questionavam se o governo de Nicolás Maduro está comandando o Tren de Aragua (TDA), uma gangue fundada em 2007 na prisão de Tocorón, no estado de Aragua.
"Embora o ambiente permissivo da Venezuela permita a operação do TDA, o regime de Maduro provavelmente não tem uma política de cooperação com o TDA e não está direcionando seus movimentos ou operações nos Estados Unidos", ressaltou o documento.
Além disso, acrescentaram que a maioria dos membros do conselho "considera que as informações de inteligência que indicam que os líderes do regime estão direcionando ou facilitando a migração do TDA para os Estados Unidos não têm credibilidade".
Essa versão contradiz a posição do governo Trump, que havia citado supostos laços entre Maduro e o Tren de Aragua para invocar a Lei de Inimigos Estrangeiros, usada apenas em tempos de guerra, para agilizar as deportações de centenas de migrantes venezuelanos acusados de serem membros da gangue.
O congressista Jim Himes, o democrata mais graduado no Comitê de Inteligência da Câmara, denunciou em uma declaração que o governo está buscando apenas "análises alinhadas à agenda política do presidente, em vez de análises verdadeiras e apolíticas".