Repórter
Publicado em 24 de novembro de 2025 às 14h35.
Os Estados Unidos designaram formalmente o Cartel de los Soles, da Venezuela, na lista de organizações terroristas estrangeiras. A medida vincula o grupo a ações de tráfico de drogas com destino aos EUA e à Europa, além de responsabilizá-lo por atos de violência no continente americano.
A decisão, que passa a valer nesta segunda-feira, 24, integra a estratégia do governo de Donald Trump de aumentar a pressão sobre Nicolás Maduro, acusado de liderar a organização criminosa, informou a agência Reuters.
"O Cartel de los Soles é uma das maiores organizações criminosas existentes no hemisfério [ocidental]", declarou o secretário de Estado, Marco Rubio.
O nome do grupo faz referência aos distintivos dourados em formato de sol usados por oficiais de alta patente das Forças Armadas da Venezuela. Com a nova classificação, o cartel passa a figurar ao lado de organizações como o cartel de Sinaloa, do México.
O governo dos Estados Unidos já acusou Nicolás Maduro de liderar o Cartel de los Soles e ofereceu uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que resultem em sua prisão — o maior valor já proposto nesse tipo de ação.
Uma denúncia formal apresentada em Nova York acusa Maduro, o atual ministro do Interior, Diosdado Cabello, e outros integrantes do alto escalão do governo venezuelano de colaborar com grupos guerrilheiros da Colômbia no envio de cocaína aos Estados Unidos, segundo o jornal Financial Times.
Em janeiro de 2020, o governo Joe Biden ampliou os valores das recompensas por Maduro e Cabello. A medida visava reforçar a mensagem de que a cúpula do regime venezuelano é composta por indivíduos formalmente acusados de narcotráfico, indicando que as denúncias contra Caracas têm apoio bipartidário nos EUA.
Em resposta, Maduro classificou as acusações como "a pior das fake news". Em carta enviada a Trump no início de setembro, afirmou que as denúncias servem como pretexto para justificar uma escalada militar, que poderia gerar consequências catastróficas para o continente.
Desde 2020, Washington vem avaliando diferentes alternativas contra o governo Maduro, sob a alegação de seu envolvimento com o tráfico internacional de drogas — o que é negado pelo presidente venezuelano.
Maduro, que ocupa o cargo desde 2013, acusa os Estados Unidos de querer removê-lo do poder para obter controle sobre o petróleo venezuelano. Em resposta, Caracas tem preparado uma possível reação militar com base em uma estratégia de “resistência prolongada”, utilizando milícias e táticas de guerrilha.
A movimentação militar americana na região inclui o porta-aviões USS Gerald R. Ford, que chegou ao Caribe na última semana acompanhado de sete navios, um submarino nuclear e aeronaves F-35. O contingente passou a realizar ações de combate ao narcotráfico, embora o poder de fogo envolvido vá além do necessário para esse tipo de operação.
Desde setembro, as tropas dos EUA realizaram pelo menos 21 ataques contra embarcações suspeitas de tráfico de drogas, resultando na morte de 83 pessoas. As ações ocorreram majoritariamente no Caribe, mas também alcançaram o Oceano Pacífico.
Organizações de direitos humanos condenaram essas ações como execuções extrajudiciais e alertaram para violações do direito internacional. Alguns países aliados também demonstraram preocupação crescente com a escalada militar.
O governo americano justificou os ataques com base na tentativa de conter o narcotráfico, que, segundo representantes, seria responsável por milhões de mortes no país. No entanto, dados de instituições de saúde pública indicam que a maioria das overdoses fatais está associada ao fentanil, substância fabricada principalmente no México.