Repórter
Publicado em 22 de novembro de 2025 às 20h20.
Os Estados Unidos devem iniciar uma nova fase de ações relacionadas à Venezuela nos próximos dias, velaram quatro autoridades americanas à agência Reuters. A movimentação ocorre no momento em que o governo do presidente Donald Trump intensifica a pressão sobre o líder venezuelano Nicolás Maduro.
Ainda não há confirmação sobre o escopo completo das operações ou quando a decisão será tomada pela Casa Branca. Nas últimas semanas, houve aumento de sinais de uma possível ação militar, impulsionados pela presença de tropas americanas no Caribe e pelo agravamento das tensões diplomáticas com Caracas.
Sob anonimato, as fontes do governo dos EUA afirmaram à agência de notícias que as medidas previstas podem envolver inicialmente operações secretas contra o regime venezuelano. As autoridades não detalharam o grau de envolvimento das forças armadas dos EUA, nem o papel exato da CIA.
Um integrante do governo americano declarou que “o presidente Trump está preparado para usar todos os recursos do poder americano para impedir que as drogas inundem os EUA e para levar os responsáveis à justiça”, reforçando a retórica de combate ao narcotráfico.
Desde 2020, Washington vem avaliando diferentes alternativas contra o governo Maduro, sob a alegação de seu envolvimento com o tráfico internacional de drogas — o que é negado pelo presidente venezuelano.
Maduro, que ocupa o cargo desde 2013, acusa os Estados Unidos de querer removê-lo do poder para obter controle sobre o petróleo venezuelano. Em resposta, Caracas tem preparado uma possível reação militar com base em uma estratégia de “resistência prolongada”, utilizando milícias e táticas de guerrilha.
A movimentação militar americana na região inclui o porta-aviões USS Gerald R. Ford, que chegou ao Caribe na última semana acompanhado de sete navios, um submarino nuclear e aeronaves F-35. O contingente passou a realizar ações de combate ao narcotráfico, embora o poder de fogo envolvido vá além do necessário para esse tipo de operação.
Desde setembro, as tropas dos EUA realizaram pelo menos 21 ataques contra embarcações suspeitas de tráfico de drogas, resultando na morte de 83 pessoas. As ações ocorreram majoritariamente no Caribe, mas também alcançaram o Oceano Pacífico.
Organizações de direitos humanos condenaram essas ações como execuções extrajudiciais e alertaram para violações do direito internacional. Alguns países aliados também demonstraram preocupação crescente com a escalada militar.
O governo americano justificou os ataques com base na tentativa de conter o narcotráfico, que, segundo representantes, seria responsável por milhões de mortes no país. No entanto, dados de instituições de saúde pública indicam que a maioria das overdoses fatais está associada ao fentanil, substância fabricada principalmente no México.
O governo de Donald Trump também prepara a designação formal do Cartel de los Soles como organização terrorista estrangeira. A medida, segundo autoridades ouvidas pela Reuters, pode ser anunciada nesta segunda-feira e tem como base acusações de envolvimento do grupo com a entrada de drogas ilegais nos Estados Unidos. Washington insiste que Maduro lidera o cartel, alegação rejeitada por Caracas.
Em agosto, o governo dos EUA dobrou a recompensa por informações que levem à prisão de Maduro para US$ 50 milhões. Na semana passada, o secretário de Defesa, Pete Hegseth, afirmou que a designação de terrorismo "traz uma série de novas opções para os Estados Unidos", o que poderia incluir o ataque a ativos e infraestrutura venezuelanos.
Apesar do endurecimento do discurso, autoridades americanas reconheceram que havia canais de comunicação abertos com o governo Maduro. Não está claro se essas conversas afetariam o cronograma das ações militares. Maduro declarou, em pronunciamento recente, que busca resolver as diferenças entre os dois países por meio da diplomacia.
No sábado, após um alerta da Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês), três companhias aéreas internacionais suspenderam voos com destino à Venezuela, em razão de uma “situação potencialmente perigosa” no espaço aéreo da região.