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EUA divulga relatório em que acusa o Brasil de praticar altas taxas contra produtos americanos

O documento aponta que o Brasil impõe tarifas relativamente altas sobre setores como automóveis, peças automotivas, tecnologia da informação e eletrônicos

Mercados começaram a semana sob tensão na espera de uma possível guerra tarifária  (TIMOTHY A. CLARY /AFP)

Mercados começaram a semana sob tensão na espera de uma possível guerra tarifária (TIMOTHY A. CLARY /AFP)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter

Publicado em 31 de março de 2025 às 19h55.

Última atualização em 31 de março de 2025 às 20h07.

O Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, sigla em inglês) publicou nesta segunda-feira, 31, relatório em que acusa o Brasil e outros países de imporem barreiras e tarifas contra produtos americanos.

O anúncio se dá às vésperas do governo Trump anunciar tarifas recíprocas sobre nações que o republicano entende que estão "se aproveitando"  dos EUA.

Trump promete anunciar nesta quarta-feira, 2 de abril, um grande pacote de tarifas de importação, em um evento apelidado de Liberation Day, ou “Dia da Libertação”. A expectativa tem afetado os mercados neste começo de semana, pelo temor de que possa gerar inflação e aumentar o risco de uma recessão nos EUA.

O relatório de 397 páginas divulgado nesta segunda afirma que o Brasil impõe tarifas relativamente altas sobre setores como automóveis, peças automotivas, tecnologia da informação e eletrônicos, produtos químicos, plásticos, maquinário industrial, aço, têxteis e vestuário.

Essa falta de previsibilidade em relação às alíquotas tarifárias também é apontada no texto como uma dificuldade para os exportadores dos EUA de fazer negócios no Brasil. "Embora o Brasil tenha tomado medidas para tornar seu mercado de compras mais transparente, as restrições e preferências domésticas permanecem", declara o documento.

Segundo o USTR, o país também exige que os contratos de aquisição, especialmente nos setores de saúde e defesa, contenham requisitos de compensação para fornecedores estrangeiros.

Ordem de Trump e Musk

Ainda nesta segunda, o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma ordem executiva criando um acelerador de investimentos para o país. Segundo o documento, um escritório ligado ao Departamento de Comércio irá facilitar a aceleração de investimentos acima de US$ 1 bilhão no país. O acelerador será responsável pelo Programa CHIPS, criado para alocar fundos para reconstruir a indústria de semicondutores nos EUA

O presidente Trump disse que não estava preocupado com um esforço potencial da China para responder contra as tarifas propostas pelos EUA em conjunto com Coreia do Sul e Japão — dois aliados dos EUA que têm tensões antigas e disputas históricas com a China. Trump  afirmou que as três nações do Leste Asiático “têm uma chance de se sair melhor, na verdade, com tarifas. Isso pode realmente ajudá-los de uma certa maneira.”

O republicano também disse que não poderia garantir a continuidade que o bilionário Elon Musk à frente do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), criado para cortar gastos e reformular agências governamentais

Questionado sobre a nomeação temporária de Elon Musk como funcionário especial do governo, Trump disse que queria "mantê-lo enquanto pudesse", mas observou que Musk , a pessoa mais rica do mundo, tinha "uma grande empresa para administrar".

“Em algum momento ele vai querer voltar para sua empresa”, acrescentou o presidente. Trump disse que em algum momento seus secretários de gabinete poderiam continuar fazendo o trabalho do DOGE, que tem buscado cortes em massa na força de trabalho federal sob o pretexto de cortar custos da burocracia federal.

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