Agência de notícias
Publicado em 19 de abril de 2025 às 08h02.
Estados Unidos e Irã voltam a se encontrar para a segunda rodada de conversas sobre o programa nuclear de Teerã. As delegações, lideradas pelo enviado de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e pelo ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, estarão juntas neste sábado em Roma, na Itália.
Semana passada, em Mascate, capital de Omã houve o encontro inicial considerado contrutivo por ambas as partes. Os dois países romperam relações diplomáticas há mais de 40 anos.
A iniciativa para a retomada do diálogo partiu do presidente dos EUA, Donald Trump, que ameaçou uma ação militar contra o Irã. De acordo com Rafael Grossi, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que visitou Teerã nesta semana, os persas estão próximos de adquirir armas nucleares.
Em 2015 iniciou-se as conversações para um acordo multilateral com o objetivo de restringir o desenvolvimento nuclear iraniano em troca do levantamento de sanções. Todavia, três anos depois, durante o primeiro mandato de Trump, os EUA se retiraram das negociações, após impasses.
Desde que retornou à presidência, Trump tem feito pressão máxima contra o Irã, intensificando as sanções econômicas e ameaçando bombardear o país. Na última quinta-feira, no entanto, o presidente dos EUA disse que não tinha pressa em recorrer à ação militar. "Acho que o Irã quer conversar", afirmou.
Na sexta-feira, durante uma visita a Moscou para entregar uma mensagem do líder supremo iraniano Ali Khamenei, Araqchi se mostrou desconfiado dos EUA. "[Temos] sérias dúvidas sobre as intenções e motivações do lado americano, mas participaremos das negociações de amanhã (sábado) de qualquer maneira", garantiu.
Ala al-Din Boroujerdi, membro da Comissão de Segurança Nacional e Política Externa do Parlamento do irã, declarou à agência estatal de notícias que é preciso mediação de outras nações durante as negociações com os EUA.
"Durante as negociações entre Teerã e Washington, as garantias não serão oferecidas apenas pelos EUA. Rússia e China também entrarão em diálogo para assegurar garantias mais confiáveis", disse ao complementar que seu país não irá considerar demandas irracionais e irrealistas.
Desde a retirada dos EUA do acordo de 2015, o Irã renegou seu compromisso de não enriquecer urânio acima do limite de 3,67% estabelecido pelo pacto, que também foi assinado pela Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia.
De acordo com o último relatório da AIEA, o país tem 60% de urânio enriquecido, aproximando-se dos 90% necessários para fabricar uma arma nuclear.
O Irã quer limitar as negociações ao seu programa nuclear e sanções. Nesse sentido, eles descartam a possibilidade de interromper toda a sua atividade nuclear, o que seria uma "linha vermelha" para eles.