Os Estados Unidos anunciaram sanções contra os maiores produtores de petróleo da Rússia nesta quarta-feira, 22. Esta é a ação mais significativa do governo de Donald Trump até o momento para pressionar o presidente russo Vladimir Putin em relação à guerra na Ucrânia.

A medida atinge a gigante petrolífera estatal Rosneft PJSC e a Lukoil PJSC. O Departamento do Tesouro dos EUA alega a "falta de compromisso sério da Rússia com um processo de paz para encerrar a guerra na Ucrânia", segundo um comunicado divulgado nesta tarde.

O ataque da Casa Branca visa prejudicar a capacidade da Rússia de gerar recursos para sua máquina de guerra.

"Agora é a hora de parar com a matança e de um cessar-fogo imediato", afirmou o secretário do Tesouro, Scott Bessent, no comunicado. "O Tesouro está preparado para tomar novas medidas, se necessário, para apoiar os esforços do presidente Trump para resolver mais uma guerra."

Nova postura de Trump

A decisão de sancionar a Rosneft e a Lukoil representou uma mudança de postura significativa para o presidente Donald Trump, que na semana anterior havia anunciado planos de se encontrar com Vladimir Putin nas próximas semanas, acreditando que a Rússia queria terminar a guerra. No entanto, na terça-feira, Trump indicou uma possível mudança de opinião, afirmando que não desejava uma reunião sem objetivos claros.

A Rosneft, uma empresa estatal liderada por Igor Sechin, aliado próximo de Putin, e a Lukoil, uma gigante privada, são as duas maiores produtoras de petróleo da Rússia, juntas respondendo por quase metade das exportações de petróleo bruto do país, aproximadamente 2,2 milhões de barris por dia no primeiro semestre deste ano, segundo estimativas da Bloomberg. A indústria de petróleo e gás representa cerca de um quarto do orçamento federal russo.

Um alto funcionário da Casa Branca, que preferiu não ser identificado, disse à Bloomberg que Trump sempre afirmou que tomaria a iniciativa no momento certo. Esse funcionário acrescentou que Trump acreditava que outro encontro presencial com Putin não seria produtivo neste momento.

Antes de quarta-feira, Trump havia recuado de várias ameaças de tarifas, sanções e outras punições. Em 29 de julho, ele deu à Rússia 10 dias para chegar a uma trégua com a Ucrânia, mas o prazo de 8 de agosto passou sem qualquer ação adicional. Em seguida, ele se encontrou com Putin no Alasca, mas a reunião não trouxe avanços significativos na guerra.

A medida de quarta-feira foi discutida pelo ex-presidente americano Joe Biden nos últimos dias de sua presidência, mas o ex-presidente resistiu por receio de que isso poderia afetar os mercados globais de energia e aumentar o preço do petróleo. Considerando o foco de Trump em manter os preços da gasolina baixos, essa decisão representa uma grande aposta, sinalizando que sua paciência com Putin pode finalmente estar se esgotando.

Trump também se equivocou anteriormente sobre um plano do Senado para aumentar as sanções à Rússia e se recusou a se comprometer a enviar mísseis Tomahawk para a Ucrânia.

Não está claro se essa última medida terá um impacto significativo nos cálculos de Putin em relação à guerra. O governo Biden impôs diversas rodadas de sanções à Rússia após sua invasão da Ucrânia em 2022, prejudicando a economia russa, mas nunca impedindo Putin de continuar com sua ofensiva.

Na quarta-feira, a Rússia intensificou seus ataques na Ucrânia, lançando drones e mísseis, que resultaram na morte de pelo menos sete civis, incluindo crianças, nas primeiras horas do dia. A Rússia segue focando seus ataques na infraestrutura energética da Ucrânia, enquanto Kiev tenta retaliar mirando refinarias russas.

O Reino Unido já sancionou a Rosneft e a Lukoil na semana passada, e espera-se que a União Europeia anuncie um novo pacote de sanções na quinta-feira, incluindo a proibição da importação de gás natural liquefeito. O objetivo desse pacote é privar ainda mais a Rússia de receita com energia, buscando pressionar Putin a iniciar negociações de paz.

Em 2022, os EUA e seus aliados do G7 impuseram um teto de preço nas exportações de petróleo da Rússia, em parte devido às preocupações com o aumento dos preços do petróleo. Os contratos futuros do Brent chegaram a US$ 139 o barril logo após o início da guerra, mas atualmente estão sendo negociados a valores muito mais baixos.