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Europa deve aproveitar bom momento da América

Rei da Espanha pediu hoje o aprofundamento da cooperação entre os países ibero-americanos para ''que se façam ouvir no mundo com uma só voz''


	O rei da Espanha, Juan Carlos: ele considerou que a ''região está em alta'' e que, embora persistam as desigualdades, há uma classe média pujante
 (Allison Joyce/ Getty Images)

O rei da Espanha, Juan Carlos: ele considerou que a ''região está em alta'' e que, embora persistam as desigualdades, há uma classe média pujante (Allison Joyce/ Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 16 de novembro de 2012 às 18h30.

Cádiz (Espanha) - A Cúpula Ibero-Americana foi aberta nesta sexta-feira com um apelo à Espanha e a Portugal para que aproveitem o bom momento econômico vivido pela América Latina para estimular seu crescimento.

A reunião em Cádiz, que tem um perfil marcadamente econômico, foi aberta pelo rei Juan Carlos I no Gran Teatro Falla na cidade espanhola pouco depois de os líderes terem visitado o Oratório de São Felipe Neri, onde foi proclamada em 1812 a primeira constituição liberal da Espanha.

Em seu discurso de abertura, o rei destacou o elo histórico de Lisboa com a América Latina ao usar palavras tanto em espanhol quanto em português, e ressaltou a contribuição dos deputados latinos à Constituição de 1812, ''semente de ideias de liberdade que influencou, por sua vez, Cartas Magnas de nações americanas e europeias''.

O rei da Espanha pediu hoje o aprofundamento da cooperação entre os países ibero-americanos para ''que se façam ouvir no mundo com uma só voz''. Juan Carlos ainda considerou que a ''região está em alta'' e que, embora persistam as desigualdades, há uma classe média pujante que luta para encontrar seu lugar nesta nova sociedade.

Para o secretário-geral ibero-americano, Enrique Iglesias, as mudanças nas relações internacionais, a crise econômica dos países desenvolvidos, especialmente dos EUA e da União Europeia, e a ascensão latino-americana caracterizam o momento em que acontece esta reunião.

A cúpula de Cádiz é realizada em um momento em que Espanha e Portugal atravessam uma aguda crise econômica com ''profundas repercussões sociais'', enquanto os países do continente americano vivem uma década de altas taxas de crescimento e forte redução da pobreza, destacou Iglesias.


Em discurso, o presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, considerou que a América Latina pode ensinar muito à Espanha e à Europa em momentos de dificuldade como o atual, depois do êxito que teve com sua ''determinação, esforço e paciência'' ao combinar a austeridade com políticas próprias de crescimento e coesão social.

''Mais América Latina na Europa e na Espanha é uma receita imbatível para enfrentar os atuais desafios'', destacou Rajoy.

Participaram da cerimônia, concluída com um espetáculo do Balé Nacional da Espanha, 15 chefes de Estado e Governo, assim como ministros de Relações Exteriores de toda a comunidade ibero-americana.

No entanto, sete chefes de Estado não participam desta edição da cúpula, realizada pela terceira vez na Espanha. Às ausências já anunciadas, somou-se hoje a do nicaraguense Daniel Ortega.

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e o do Uruguai, José Mujica, não viajaram a Cádiz por questões de saúde. Também não participam os governantes da Venezuela, Hugo Chávez, e de Cuba, Raúl Castro.

Federico Franco, presidente do Paraguai, não viajou para não constranger a presença de outros países que o vetaram em organizações latino-americanas após a destituição do seu antecessor, Fernando Lugo, e o chefe de Estado guatemalteco, Otto Pérez Molina, cancelou sua viagem em razão do terremoto que atingiu seu país.

Os últimos a chegar foram os presidentes do Chile, Sebastián Piñera, e do Peru, Ollanta Humala, enquanto o presidente de El Salvador, Mauricio Funes, não compareceu a tempo à cerimônia de abertura.


Também participam convidados especiais, como o presidente do Haiti, Michel Martelly, já que seu país receberá na cúpula o status de observador, e o ministro das Relações Exteriores do Marrocos, Saadedin al Otmani, que participa pela primeira vez como observador.

Os chanceleres ibero-americanos se reuniram hoje no Centro de Convenções de Cádiz, onde deixaram prontos para os líderes todos os documentos que serão analisados no sábado na sessão plenária.

A Declaração de Cádiz e o Programa de Ação reúnem os temas e decisões da reunião, que têm um perfil basicamente econômico e na qual não surgiram outros temas políticos relevantes.

A estes documentos, que serão assinados no sábado pelos chefes de Estado e de Governo, somam-se comunicados especiais, que abordam temas variados, como o bloqueio dos EUA a Cuba, a questão das Malvinas, o uso da folha de coca, a mudança climática, o femicídio, a inclusão dos deficientes físicos no mercado de trabalho e a declaração de 2013 como Ano Internacional da Quinoa. Também será aprovado um comunicado de apoio à candidatura da Espanha ao Conselho de Segurança da ONU como membro não-permanente.

A Declaração está centrada em seis eixos, como o desenvolvimento de infraestruturas, a promoção das micro, pequenas e médias empresas, e políticas de crescimento e geração de empregos.

O texto reúne também o fortalecimento de ''regras claras, estáveis e previsíveis que ajudem a promover os investimentos produtivos nacionais e estrangeiros''.

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