Agência de notícias
Publicado em 10 de agosto de 2025 às 09h13.
Os principais líderes europeus assinaram uma carta neste domingo pedindo pressão contínua sobre a Rússia para alcançar a paz e reafirmaram seu apoio à Ucrânia antes de uma cúpula entre os presidentes Vladimir Putin e Donald Trump.
Os líderes da Rússia e dos Estados Unidos devem se reunir no Alasca em 15 de agosto, como parte dos esforços de Trump para encontrar uma solução para o conflito que eclodiu em fevereiro de 2022 com a invasão da Ucrânia pela Rússia. A reunião ocorrerá sem a presença do líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, que exigiu participar das negociações.
"Aplaudimos o trabalho do presidente Trump para impedir o massacre na Ucrânia" e "estamos prontos para apoiar esse trabalho diplomaticamente, além de manter nosso substancial apoio militar e financeiro à Ucrânia", bem como "manter e impor medidas restritivas contra a Federação Russa", declararam os líderes europeus, defendendo que "somente uma abordagem que combine diplomacia ativa, apoio à Ucrânia e pressão sobre a Federação Russa" pode pôr fim à guerra.
Os signatários da carta incluem o francês Emmanuel Macron, a italiana Giorgia Meloni, o alemão Friedrich Merz, o polonês Donald Tusk e o britânico Keir Starmer, além da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Enquanto isso, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, conversou por telefone com Vladimir Putin no sábado e expressou a disposição do Brasil em contribuir para uma solução pacífica. Putin "agradeceu a Lula por seu comprometimento e interesse na questão", segundo comunicado da Presidência brasileira. As três rodadas de negociações entre Rússia e Ucrânia realizadas este ano não produziram resultados, e ainda não está claro se uma cúpula ajudará a trazer a paz.
Ao anunciar a cúpula na sexta-feira, Trump disse que "haverá alguma troca de territórios em benefício de ambos", referindo-se à Ucrânia e à Rússia, sem fornecer mais detalhes.
"Decisões não podem ser tomadas contra nós, decisões não podem ser tomadas sem a Ucrânia. Seria uma decisão contra a paz. Eles não alcançarão nada", alertou Zelensky no sábado nas redes sociais. "Os ucranianos não entregarão suas terras ao ocupante."
O líder ucraniano disse ter conversado com seu homólogo francês, Emmanuel Macron, que declarou na rede X que "o futuro da Ucrânia não pode ser decidido sem os ucranianos". O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, também conversou com Zelensky, expressando seu "total apoio" e defendendo "uma paz justa e duradoura que respeite a independência e a soberania da Ucrânia".
A invasão russa à Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, deixou dezenas de milhares de mortos, milhões de deslocados e danos extensos. Putin resistiu a diversos apelos dos Estados Unidos, Europa e Ucrânia por um cessar-fogo. A cúpula no Alasca, território que a Rússia vendeu aos Estados Unidos em 1867, seria a primeira entre presidentes americanos e russos em exercício desde que Joe Biden se encontrou com Putin em Genebra, em junho de 2021.
Trump e Putin se encontraram pela última vez em 2019, em uma cúpula do G20 no Japão, durante o primeiro mandato do americano, embora tenham conversado por telefone diversas vezes desde janeiro.
Após mais de três anos de combates, as posições ucraniana e russa permanecem irreconciliáveis. Em terra, confrontos e ataques mortais continuam, com lançamentos mútuos de drones durante a noite, enquanto os militares russos avançam no leste contra um adversário menor e menos equipado. Na região leste de Donetsk, quatro pessoas foram mortas no sábado após ataques aéreos russos, e outras duas na região sul de Kherson, informaram as autoridades. Esses ataques deixaram cerca de 20 feridos.
Para pôr fim ao conflito, Moscou exige que a Ucrânia ceda quatro regiões parcialmente ocupadas (Donetsk, Luhansk, Zaporíjia e Kherson), bem como a Crimeia, anexada em 2014, e renuncie ao fornecimento de armas ocidentais e a qualquer adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Essas exigências são inaceitáveis para a Ucrânia, que exige a retirada das tropas russas de seu território e garantias de segurança ocidentais. Isso incluiria mais fornecimento de armas e o envio de um contingente europeu, ao qual a Rússia se opõe.