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Evasão de tarifas pode custar US$ 40 bilhões por ano aos EUA, diz Goldman Sachs

Análise do banco mostra que empresas já buscam brechas nas tarifas impostas por Trump

Contêineres em porto: governo Trump tomou medidas para evitar que países façam triangulação para pegar taxas menores (Germano Lüders/Exame)

Contêineres em porto: governo Trump tomou medidas para evitar que países façam triangulação para pegar taxas menores (Germano Lüders/Exame)

Publicado em 24 de setembro de 2025 às 10h29.

A evasão de tarifas de importação pode gerar uma perda anual de US$ 40 bilhões em arrecadação para os Estados Unidos, segundo estimativa do banco Goldman Sachs, divulgada em nota nesta terça-feira, 23.

O cálculo considera que exportadores estrangeiros e importadores americanos podem já estar encontrando meios de contornar as novas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump em seu segundo mandato.

As medidas incluem uma alíquota-base de 10% sobre todas as importações, tarifas adicionais para países específicos e tributos setoriais, como sobre automóveis. O Brasil, por exemplo, levou um tarifa de 50%.

O Goldman Sachs calcula que, caso exportadores redirecionem cargas para países com tarifas mais baixas e subnotifiquem os valores declarados, seguindo padrões já observados no passado, mais de US$ 200 bilhões em importações anuais ficariam sob risco.

Nesse cenário, a arrecadação dos EUA com tarifas seria reduzida em aproximadamente US$ 40 bilhões em relação a um quadro de total cumprimento das regras. Segundo estimativa do secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, a receita anual com as tarifas poderia ultrapassar US$ 500 bilhões.

Possíveis brechas

A análise também aponta sinais de que empresas estrangeiras estariam utilizando o Vietnã como rota de transbordo, já que o país aumentou simultaneamente suas importações da China e exportações para os EUA neste ano. O movimento é considerado compatível com o redirecionamento de mercadorias.

Outro indicativo é a diferença crescente entre os dados de importação reportados pelos EUA e os de exportação declarados pela China. Essa discrepância, que surgiu durante a guerra comercial de 2018-2019, aumentou em US$ 4 bilhões por mês em 2025, mesmo após o governo americano encerrar a isenção de pacotes de até US$ 800, conhecida como “de minimis”.

O Goldman Sachs também destacou a queda atípica nos preços unitários de algumas categorias de importados desde abril, como banheiras de ferro fundido da China e fogões a gás da Tailândia.

"Os preços unitários de algumas importações dos EUA foram reduzidos em níveis maiores do que seria plausível explicar por custos de produção mais baixos, o que sugere que multinacionais podem estar evitando tarifas ao reduzir os preços declarados", afirmaram os analistas.

O governo Trump, por sua vez, anunciou medidas adicionais para conter a evasão, incluindo uma tarifa extra de 40% sobre mercadorias que sejam desviadas para outros países e a criação de uma força-tarefa dedicada a fraudes comerciais.

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