Cristina Kirchner saúda apoiadores da sacada de sua casa em Buenos Aires (Luis Robayo/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 17 de junho de 2025 às 15h47.
Última atualização em 17 de junho de 2025 às 16h14.
A ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, poderá cumprir prisão domiciliar em seu apartamento em Buenos Aires, mas terá de usar tornozeleira eletrônica.
Kirchner, que governou o país de 2009 a 2015, teve sua condenação confirmada na semana passada pela Suprema Corte, o que esgotou as possibilidades de recursos. Ela terá de cumprir seis anos de detenção e foi proibida de exercer cargos públicos, por ter envolvimento em casos de corrupção em obras públicas, segundo decisão da Justiça.
Cristina, como é conhecida na Argentina, tem 72 anos. Sua idade foi apontada como uma das razões para a prisão domiciliar. Ela é considerada a principal liderança de esquerda no país e iria disputar uma vaga como deputada na província de Buenos Aires, a mais populosa do país, nas eleições legislativas provinciais de 7 de setembro. Se fosse eleita, teria imunidade judicial.
Ela foi presidente da Argentina de 2007 a 2015, por dois mandatos. Ela sucedeu o marido, Néstor Kirchner, que morreu em 2010. Entre 2019 e 2023, foi vice-presidente do país, no governo de Alberto Fernández.
O processo contra a ex-presidente durou 17 anos. Em 2007, uma deputada federal Elisa Carrió, acusou a presidente de envolvimento em um esquema para desvio de dinheiro em obras públicas. A investigação, no entanto, só começou para valer em 2016, quando Cristina deixou o poder. Membros do governo seguinte, de Mauricio Macri, apontaram sobrepreço em obras feitas pela gestão anterior.
O caso se arrastou por três anos, e Cristina usou várias manobras jurídicas para protelar seu depoimento e o julgamento, que começou só em maio de 2019. Naquele ano, ela se elegeu vice-presidente, e o processo voltou a caminhar devagar.
Em agosto de 2022, procuradores pediram 12 anos de prisão para elas, além de inelegibilidade perpétua para cargos públicos. Em dezembro daquele ano, um tribunal federal condenou Cristina por corrupção, com pena de seis anos de prisão e inelegibilidade.
A condenação foi confirmada em segunda instância em novembro de 2024. Cristina recorreu novamente, e o caso chegou à Suprema Corte, que manteve a condenação, por unanimidade.
Kirchner é a segunda presidente na democracia a ser condenada, depois de Carlos Menem (1989-1999), que foi sentenciado a sete anos de prisão por venda de armas. Menem, no entanto, morreu antes que o processo fosse concluído e não cumpriu pena.