Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 27 de agosto de 2025 às 12h06.
Última atualização em 27 de agosto de 2025 às 15h33.
Oslo, Noruega* — O acordo entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), composta por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, será assinado no Brasil em 16 de setembro. A informação foi dada à EXAME por Ragnhild Sjoner Syrstad, secretária de Comércio no Ministério do Comércio, Indústria e Pesca da Noruega.
"Considero-o um acordo muito importante e, nestes tempos turbulentos, também o considero uma vitória para globalizar o comércio, ter um comércio baseado em regras e ver que os países podem se unir para impulsionar o comércio e o investimento. O acordo será assinado no próximo dia 16 de setembro", disse Syrstad, em entrevista exclusiva nesta quarta-feira, 27.
"Estamos muito empolgados por termos chegado a um acordo e felizes por ver o comércio e os investimentos para as empresas norueguesas sendo impulsionados. Embora ainda dependa da aprovação do Parlamento, acreditamos que isso acontecerá em breve. Muitas empresas já estão comemorando", afirmou a secretária.
Em julho, o Mercosul e a EFTA anunciaram a conclusão das negociações para a assinatura do acordo. Com isso, será criada uma relação de livre comércio que abrangerá quase 300 milhões de pessoas e um produto interno bruto (PIB) combinado de mais de US$ 4,3 trilhões.
Para os produtos brasileiros, o acesso em livre comércio aos mercados da EFTA incluirá quase 99% do valor exportado, abrangendo os setores agrícola e industrial. Em 2024, o Brasil exportou US$ 3,1 bilhões e importou US$ 4,1 bilhões em bens da EFTA.
Com a medida, a EFTA eliminará 100% das tarifas de importação nos setores industrial e pesqueiro assim que o acordo entrar em vigor.
Estimativas do governo brasileiro apontam para um impacto positivo no Brasil de R$ 2,69 bilhões sobre o PIB e um aumento de R$ 660 milhões no investimento até o ano de 2044.
Após a assinatura do acordo em setembro, ele deverá ser ratificado por todos os países que compõem a EFTA. Segundo a secretária, a expectativa é que o acordo entre em vigor no final de 2026.
"Apresentaremos o acordo ao parlamento após a assinatura, para que ele possa entrar em vigor até o final de 2026, dependendo da ratificação. Esperamos que o parlamento aprove ainda no primeiro semestre de 2026", disse Syrstad.
Nos cálculos do Brasil, também se estima um impacto de R$ 2,57 bilhões sobre as importações e de R$ 3,34 bilhões sobre as exportações, resultando em um saldo estimado de R$ 770 milhões para o país com o acordo.
As negociações para o acordo foram precedidas por um diálogo iniciado em março de 2015. As negociações formais começaram em junho de 2017, em Buenos Aires.
No total, foram realizadas 14 rodadas de negociações. No início de 2025, o Mercosul e os países do EFTA intensificaram as discussões para ajustar o acordo aos avanços recentes.
Segundo Kjetil Elsebutangen, diretor de negócios e promoção para transição verde da Noruega e futuro embaixador do país no Brasil, o acordo abrirá novas oportunidades para ambos os lados.
Ele destaca que o Brasil é o parceiro mais importante da Noruega na América Latina, com cerca de 300 empresas norueguesas no país, além de ser o mercado mais relevante fora da União Europeia.
"Para a Noruega, é de fundamental importância garantir uma ordem mundial baseada em regras, no multilateralismo e no respeito ao Estado de Direito. Por isso, quando temos a oportunidade de firmar acordos como este, apoiamos plenamente", afirma.
O acordo abrange temas como comércio de produtos e serviços, investimentos, proteção da propriedade intelectual, compras governamentais, concorrência, regras de origem dos produtos, medidas de defesa comercial, questões sanitárias e fitossanitárias, barreiras técnicas ao comércio, além de um capítulo sobre comércio e desenvolvimento sustentável.
*O repórter viajou a convite da Innovation Norway e da Yara Fertilizantes.