O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em fala durante uma cerimônia de juramento no escritório cerimonial do Vice-Presidente no Eisenhower Executive Office Building, em janeiro deste ano. (ALEX WONG / GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP)
Editora ESG
Publicado em 15 de março de 2025 às 13h39.
Depois de declarar que o embaixador sul-africano é persona non grata e expulsá-lo do país, os Estados Unidos deram 72 horas para Ebrahim Rasool deixar o território americano.
A decisão foi confirmada pelo Ministério das Relações Exteriores da África do Sul neste sábado (15). "Rasool foi informado pelo Departamento de Estado ontem que tinha 72 horas para deixar o país", disse o ministério sul-africano à AFP.
A expulsão foi anunciada pelo Secretário de Estado americano, Marco Rubio, através de sua conta na rede social X, acusando o diplomata de ser um "político racista" que "odeia o país e o presidente" Donald Trump. "O embaixador da África do Sul nos Estados Unidos não é mais bem-vindo em nosso grande país", escreveu Rubio. "Não temos nada a discutir com ele, por isso o consideramos 'persona non grata'".
Chrispin Phiri, porta-voz do Ministro de Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, Ronald Lamola, declarou ao News24, que o país já está organizando o retorno imediato do embaixador. Quando chegar à África do Sul, Rasool deverá apresentar um relatório detalhado ao governo, que então avaliará os próximos passos a serem tomados.
Em resposta à expulsão, a presidência sul-africana emitiu um comunicado oficial classificando a medida como "lamentável" e pedindo que todas as partes envolvidas "mantenham o decoro diplomático estabelecido ao lidar com o assunto".
Conforme noticiado na noite de sexta-feira (14), a decisão americana foi desencadeada um pronunciamento feito por Rasool durante um webinar organizado por um instituto de pesquisa sul-africano na sexta-feira.
Escalada nas tensões pós webinar
Segundo veículos de imprensa internacionais, o embaixador teria feito uma análise crítica das políticas da administração Trump, sugerindo que elas representam uma reação às mudanças na composição demográfica dos Estados Unidos, onde a população branca está gradualmente perdendo sua posição majoritária.
Além disso, Rasool teria descrito a associação entre Elon Musk, empresário de origem sul-africana próximo a Trump, e certos líderes conservadores europeus como uma sinalização velada a grupos com ideologias supremacistas.
O incidente também marca uma nova escalada nas tensões diplomáticas entre Washington e Pretória, que vêm se intensificando desde a posse de Trump para seu segundo mandato em janeiro. Na semana passada, o governo americano já havia anunciado a suspensão completa do pacote de assistência financeira à África do Sul, que totalizaria aproximadamente 323 milhões de dólares para o ano de 2025.
A justificativa oficial para esse corte de recursos incluiu críticas à reforma agrária implementada pelo governo sul-africano e sua posição no processo movido contra Israel na Corte Internacional de Justiça. Na ocasião, autoridades sul-africanas declararam que não participariam do que chamaram de "diplomacia de megafone" com a administração Trump.