Motoristas de ônibus protestam em Lima, capital do Peru (Connie France/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 6 de outubro de 2025 às 17h22.
Última atualização em 6 de outubro de 2025 às 17h37.
Centenas de trabalhadores do transporte bloquearam estradas e queimaram pneus nesta segunda-feira em Lima, em um novo protesto contra a extorsão e os assassinatos de 47 motoristas neste ano, cometidos pelo crime organizado.
Várias empresas do setor aderiram ao chamado para desligar seus motores por 24 horas em vários distritos da capital peruana, que tem mais de 10 milhões de habitantes.
Os manifestantes colaram mensagens em seus veículos em protesto contra a extorsão, que se multiplicou no último ano e se tornou o maior desafio ao governo de Dina Boluarte.
"Queremos viver, não mais uma morte", estava escrito nos para-brisas, onde também penduraram fitas pretas ou fotos dos motoristas assassinados.
Esta é a quinta vez desde fevereiro que trabalhadores do transporte se mobilizam contra a extorsão do crime organizado.
"Temos de sair e protestar em defesa da vida contra um governo indolente que até agora não resolveu o problema", disse à AFP Martín Valeriano, presidente da Anitra, principal sindicato do setor, que representa 460 empresas em Lima e no porto vizinho de Callao.
Gangues exigem pagamentos de até 50 mil soles (cerca de R$ 76,2 mil) por mês das empresas de transporte, segundo seus líderes. Quando as empresas se recusam, atiram em veículos, mesmo com passageiros dentro.
O protesto foi convocado depois que um motorista venezuelano foi morto e outro ferido no último fim de semana em dois ataques de pistoleiros em Lima.
Pelo menos 47 motoristas foram mortos por homens armados entre janeiro e outubro, segundo a Anitra. Boluarte enviou soldados às ruas em março para apoiar o combate da polícia ao crime organizado. No entanto, as empresas de transporte exigem medidas mais rigorosas contra a insegurança.
"Vamos derrotar esse flagelo da insegurança cidadã, da extorsão e do assassinato. Vamos pegá-los; eles não vencerão essa batalha", declarou Boluarte nesta segunda-feira em um evento oficial no sul de Lima.