Repórter
Publicado em 29 de julho de 2025 às 12h30.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou suas projeções econômicas nesta terça-feira, 29 de julho, e, para o Brasil, elevou a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2,3% em 2025, e para 2,1% em 2026. Em abril, a entidade havia previsto alta de 2% para 2025 e também 2% em 2026.
O número, no entanto, considera o cenário atual de tarifas e políticas comerciais vigentes, o que significa que o impacto das tarifas de 50% que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pretende impor, com início previsto para o próximo dia 1º de agosto, ainda não está refletido.
Em entrevista coletiva sobre as atualizações do relatório Perspectivas da Economia Mundial (WEO, na sigla em inglês), a vice-diretora do Departamento de Pesquisa do FMI, Petya Koeva Brooks, afirmou que, caso a ameaça de Trump se concretize, a atividade econômica do Brasil deverá ser ainda mais impactada do que as previsões atuais feitas pela instituição.
“Nossa avaliação preliminar mostra que as tarifas adicionais sobre o Brasil levariam a uma desaceleração mais acentuada do que a projetada atualmente”, disse Brooks. Ela ressaltou que só será possível avaliar com precisão o impacto das tarifas de 50% sobre o Brasil quando houver mais detalhes sobre a medida.
A revisão do FMI para o Brasil é mais otimista do que a projeção inicial do Ministério da Fazenda, que, por sua vez, elevou sua estimativa de crescimento para 2025 para 2,5% e para 2026 para 2,4%.
Mesmo com essas revisões, o FMI alertou que a economia brasileira enfrentará desaceleração gradual devido à taxa básica de juros Selic, que segue em 15%, um dos maiores índices do mundo. Essa política monetária restritiva, adotada para controlar a inflação, afeta o crescimento da economia. O Banco Central (BC) já sinalizou que essa taxa deverá ser mantida em sua próxima reunião, o que deve pressionar ainda mais o consumo e os investimentos.
O FMI revisou suas previsões para a América Latina e Caribe, com a estimativa de crescimento para 2025 agora projetada para 2,2%, acima dos 2,0% anteriormente previstos.
A principal razão para essa melhora nas perspectivas foi a alta expectativa para a China, com uma revisão de crescimento de 4,8% para este ano. Isso se deve a uma recuperação econômica mais forte do que o esperado no primeiro semestre de 2025 e aos efeitos da trégua nas tarifas entre os Estados Unidos e a China.
A desaceleração do crescimento na América Latina, entretanto, ainda é uma preocupação, especialmente devido ao impacto prolongado de políticas comerciais protecionistas e ao aumento dos custos com importação.
O FMI projeta que a economia dos Estados Unidos crescerá 1,9% em 2025 e 2,0% em 2026, revisando para cima a previsão em 0,1 ponto percentual para 2025. Esse ajuste se deve ao impacto das tarifas mais baixas e uma melhoria nas condições financeiras, incluindo a depreciação do dólar. Segundo o FMI, a desaceleração do consumo privado e a diminuição da imigração podem moderar o crescimento nos próximos anos.
O crescimento da zona do euro foi revisado para 1,0% em 2025 e 1,2% em 2026, impulsionado principalmente pela Irlanda, que experimentou um aumento significativo nas exportações farmacêuticas. Sem esse impacto irlandês, a revisão teria sido muito menor. O FMI também observou que as exportações líquidas e o investimento continuam a ser motores importantes da economia, mas o crescimento do consumo privado está diminuindo.