Redação Exame
Publicado em 28 de novembro de 2025 às 12h27.
A França voltou a reforçar sua oposição ao acordo entre União Europeia e Mercosul, enquanto a Espanha defendeu que a assinatura prevista para dezembro traria estabilidade ao comércio internacional.
As posições foram expostas nesta sexta-feira, 28, por suas ministras e ministros da Agricultura, em meio à expectativa de que o pacto possa ser assinado no dia 20 de dezembro, em Brasília.
A ministra francesa Annie Genevard afirmou à rádio Sud Radio que, mesmo que a maioria dos países da UE aprove o texto, o tema seguirá aberto. Segundo ela, o Parlamento Europeu ainda terá que se pronunciar na próxima primavera europeia.
Genevard reconheceu que não está garantido que Paris conseguirá apoio suficiente para bloquear o acordo, mas destacou que a França continuará lutando contra a formulação atual.
A ministra disse que a França tentou formar uma minoria de bloqueio e negociou alterações com a Comissão Europeia, mas não houve avanço.
Para o governo francês, o acordo ameaça o setor agrícola ao permitir maior entrada de carne bovina, frango e açúcar de cana do Mercosul, produzidos com regras que Paris considera desiguais.
Diante desse risco, Paris exige uma cláusula de salvaguarda que impeça a chegada maciça de produtos do Mercosul e que seja explicitamente aceita por seus países-membros cláusulas espelho para obrigar que toda a produção importada cumpra as mesmas condições de normas sanitárias e fitossanitárias que existem na UE, além de um controle alfandegário que permita verificar se tudo isso é cumprido.
Já o ministro espanhol Luis Planas afirmou, em Istambul, que a assinatura do acordo UE–Mercosul após 25 anos de negociação representaria um sinal econômico e político importante “em um contexto de desarranjo” das tarifas internacionais.
Segundo ele, a coincidência de calendário com o aumento de tarifas pelos Estados Unidos não é um fator determinante, mas a conclusão das negociações oferece “um elemento de certeza” em meio à instabilidade global.
Planas destacou que a Espanha tem forte interesse em eliminar tarifas para vender azeite de oliva e vinho aos países do Mercosul. Ele admitiu preocupação do setor agrícola europeu, mas afirmou que os produtos sensíveis representam apenas 1% a 2% do consumo da UE.
O ministro mencionou ainda salvaguardas previstas no acordo e um futuro fundo de compensação de cerca de 1 bilhão de euros, planejado para o orçamento da UE após 2027.
"Foram mais de 25 anos de negociações. Tudo está bem quando acaba bem e esperamos que efetivamente estejamos em condições de assiná-lo até o final deste ano e que entre em vigor o mais rápido possível", afirmou o ministro.
*Com informações de EFE