Agência de notícias
Publicado em 28 de agosto de 2025 às 15h26.
França, Reino Unido e Alemanha ativaram, nesta quinta-feira, o mecanismo que permite a reimposição de sanções da ONU contra o Irã em até 30 dias devido ao descumprimento de seus compromissos com o programa nuclear.
A decisão foi tomada devido à falta de avanços diplomáticos em negociações promovidas por esses países depois da guerra de 12 dias entre Teerã e Israel ocorrida em junho e terminou após os Estados Unidos bombardearem instalações atômicas iranianas.
Conhecido como E3, o grupo notificou o Conselho de Segurança (CS) da ONU que acredita que Teerã "está em uma posição de descumprimento significativo de seus compromissos" sob o acordo nuclear de 2015, segundo uma carta enviada ao CS à qual a AFP teve acesso. Portanto, invocam "o mecanismo conhecido como 'snapback'" (rebote, em tradução literal), que inicia um processo de 30 dias que permite a reimposição de uma série de sanções suspensas há dez anos, afirma o texto.
O chanceler iraniano, Abbas Araqchi, prometeu que seu país responderá a esta decisão, que ele descreveu como "ilegal e injustificada". Além disso, o Ministério das Relações Exteriores alertou em um comunicado que "esta decisão dos três países europeus prejudicará seriamente o processo em andamento de interação e cooperação entre o Irã e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)".
Israel e Irã entraram em guerra em junho, em meio à escalada das tensões na Faixa de Gaza, onde as forças israelenses combatem o grupo extremista Hamas, aliado de Teerã. O conflito, que durou 12 dias, paralisou as negociações em andamento com os EUA e fez com que Teerã restringisse a cooperação com o órgão de vigilância nuclear da ONU. Neste contexto, as negociações com os países europeus acabaram não produzindo resultados.
De acordo com o E3, eles usarão o período de 30 dias para tentar encontrar uma solução negociada a fim de evitar a reimposição de sanções, acrescentaram em carta o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noël Barrot, e seus homólogos britânico, David Lammy, e alemão, Johann Wadephul. O ministro das Relações Exteriores da Alemanha afirmou separadamente que espera do Irã total cooperação com a AIEA e um "claro compromisso com as negociações com os Estados Unidos".
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, saudou o "restabelecimento" das sanções, mas afirmou que seu país permanece aberto a um compromisso direto com o Irã, em busca de uma resolução pacífica e duradoura para a questão nuclear iraniana. O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, saudou a decisão, que ele descreveu como um "passo importante" para interromper o programa nuclear iraniano. Por outro lado, o vice-embaixador russo na ONU, Dimitry Polyanskiy, afirmou que essa "ação dos países europeus, em nossa opinião, não tem absolutamente nenhum impacto legal".
O Conselho de Segurança da ONU, composto por Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China, realizará uma reunião de emergência na sexta-feira para abordar o programa nuclear iraniano.
Potências ocidentais acusam o Irã há décadas de que seu programa nuclear tem objetivos militares, algo que Teerã nega. O acordo internacional de 2015, assinado entre o Irã e as principais potências, visava garantir que o programa nuclear tivesse fins civis, em troca do levantamento das sanções contra Teerã. Este acordo foi prejudicado pela retirada unilateral dos EUA em 2018, durante o primeiro mandato de Donald Trump, que reimpôs as sanções. O Irã gradualmente recuou de seus compromissos.