Mundo

G20 foi um conflito de interesses próprios, diz professor do IMD

Arturo Bris, da escola de negócios suíça, diz que o mundo pode esperar mais do mesmo após encontro dos poderosos

Bris afirma que EUA e China vão se ater a seus planos e não haverá mudanças (Getty Images/EXAME.com)

Bris afirma que EUA e China vão se ater a seus planos e não haverá mudanças (Getty Images/EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de novembro de 2010 às 16h41.

São Paulo - Apesar do relatório final do G20 falar em um possível acordo entre as maiores economias mundiais, o tal consenso entre elas é visto com ceticismo por especialistas. Um deles é o professor de finanças Arturo Bris, da escola de negócios IMD, na Suíça. Em entrevista a EXAME.com, ele afirmou que o encontro foi mais um conflito de interesses do que um fórum para buscar soluções.

"Os países participantes estão naturalmente interessados em seus próprios assuntos, e lá eles preservam estes interesses. Diante disso, não há possibilidade de que se entendam", disse o professor.

Bris garante que conhecia o resultado da reunião do G20 antes dela começar. Para ele, as discussões foram genéricas, mesmo aquelas sobre as tensões que a questão cambial lança sobre o mercado. Depois de dois dias de caminhada, não se chegou a lugar algum.

"O único jeito de se chegar a um acordo com relação ao câmbio seria se os Estados Unidos ou a China desistissem de seus próprios interesses, e isso não vai acontecer", diz. Segundo o professor, a questão cambial está apoiada em três pilares, que são os interesses dos Estados Unidos, da União Europeia e da China. E a menos que haja um evento dramático que os obrigue a uma conversa mais profunda, não haverá mudanças.

Na falta de impactos mais relevantes da reunião, o mundo deve contemplar ao menos um alívio na volatilidade dos mercados de câmbio. "É provável que eles se acomodem um pouco, com alguma valorização do dólar", afirma Bris. Mas nem a durabilidade deste efeito é garantida.

Portanto, após o G20, o mundo pode esperar mais do mesmo, de acordo com o especialista. "Na Europa, não há possibilidade de reação. Na verdade, acho que a situação atual beneficia a União Europeia, principalmente as exportações alemãs. Os Estados Unidos vão se ater estritamente ao seu plano. A China poderia ameaçar os EUA, mas não vai. Não vejo nenhuma ação."

Bris também comentou sobre o Brasil neste cenário. Ele disse que o país desempenha um papel de máxima importância na arena internacional. "Vocês não são mais vistos como um país exótico. Falamos do Brasil com a mesma freqüência com que falamos da China. Dos países do BRIC, Brasil e China são os mais poderosos, cujas opiniões se de levar em conta", concluiu.

Rádio EXAME: G20 não muda cenário e países vão barrar fluxo de capitais

Acompanhe tudo sobre:Países ricosAmérica LatinaÁsiaEstados Unidos (EUA)Dados de BrasilCâmbioChinaG20

Mais de Mundo

Trump renova pedido de demissão de Lisa Cook, diretora do Fed

Suposto assassino de Kirk 'não está cooperando' nem confessou, diz governador de Utah

Devemos agir de acordo com o pensamento da 'Geração Z', diz nova primeira-ministra do Nepal

EUA e China retomam negociações em Madri com impasse sobre tarifas e futuro do TikTok