Relatos iniciais indicam que o incêndio foi causado pelo uso indevido de fogos de artifício dentro do local (Robert ATANASOVSKI / AFP)
Redação Exame
Publicado em 16 de março de 2025 às 08h19.
Última atualização em 16 de março de 2025 às 16h46.
O ministro do Interior da Macedônia do Norte, Panche Toshkovski, confirmou neste domingo que pelo menos 59 pessoas morreram no incêndio ocorrido na boate Pulse, na cidade de Kocani, no leste do país.
"Há 59 mortos, das quais 35 foram identificados", disse o ministro na cidade onde aconteceu a tragédia. No momento, 155 pessoas estão hospitalizadas, segundo o ministro.
Ele também informou que mandados de prisão foram emitidos contra quatro pessoas.
"As causas exatas serão determinadas, e todos os responsáveis serão responsabilizados. Alguns dos organizadores foram presos, enquanto outros organizadores estão entre os feridos", acrescentou Toshkovski em uma declaração à imprensa.
Relatos iniciais indicam que o incêndio foi causado pelo uso indevido de fogos de artifício dentro do local, onde estava se apresentando a banda DNK (DNA, em português). Após o início do incêndio, houve pânico e uma debandada na boate.
Muitas das vítimas morreram sufocadas pela fumaça, enquanto outras morreram queimadas.
"Vi muitos corpos e centenas de feridos. Você não pode imaginar como é andar sobre cadáveres enquanto procura sua irmã", relatou à imprensa o irmão de uma garota de 16 anos internada em uma clínica em Shtip, ao sul de Kocani.
Cerca de 30 feridos foram levados para hospitais em Skopje, que fica a uma hora de carro do local do incidente. Acredita-se que entre os feridos estejam alguns membros da banda que se apresentava na boate.
Vídeos que mostram o início do incêndio dentro da boate gravados em celulares foram transmitidos nas redes sociais e em vários canais de televisão locais.
Tragic disaster in North Macedonia — dozens of young people burned alive in a nightclub fire
A fire broke out at a nightclub in the city of Kočani. At least 50 people have died, most likely very young.
The tragedy was caused by pyrotechnics — someone in the crowd set off… pic.twitter.com/LAVulBEUy3
— NEXTA (@nexta_tv) March 16, 2025
"O governo está totalmente mobilizado e fará todo o necessário para lidar com as consequências e determinar as causas desta tragédia", escreveu o primeiro-ministro macedônio, Hristijan Mickoski, nas redes sociais.
"Este é um dia difícil e muito triste para a Macedônia! A perda de tantas vidas jovens é insubstituível", acrescentou o premiê.
Mickoski também solicitará o adiamento da cúpula dos líderes dos Balcãs Ocidentais, marcada para quarta e quinta-feira que vêm em Podgorica, segundo informou seu gabinete em Skopje.
Por sua vez, a Federação Macedônia de Futebol anunciou que, devido à tragédia de Kocani, todas as partidas da liga do país dos Balcãs foram suspensas neste domingo.
A tragédia remete ao caso da Boate Kiss, no Rio Grande do Sul, que deixou 242 mortos em 2013.
Nos dois casos, a combinação de faíscas, material inflamável e superlotação contribuiu para a rápida propagação das chamas e um alto número de vítimas. Na boate europeia, as vítimas tinham entre 14 e 24 anos, enquanto, em Santa Maria, a maioria dos mortos eram universitários na faixa dos 20 anos.
Tanto na Kiss quanto na boate Pulse, nome do estabelecimento na Macedônia do Norte, o incêndio começou quando faíscas de efeitos pirotécnicos atingiram o teto do local. No Brasil, a boate estava revestida com espuma acústica altamente inflamável, que ao queimar liberou gás tóxico. Na Macedônia, o teto também continha material inflamável.
Além disso:
O incêndio da Kiss impulsionou debates sobre a segurança de casas noturnas no Brasil. Em 2013, foi aprovada a Lei Kiss, que estabeleceu novas normas de prevenção e combate a incêndios para imóveis não residenciais.
A legislação prevê regras mais rígidas para materiais de revestimento, compartimentação de espaços e controle de fumaça. No entanto, ao longo dos anos, as exigências foram flexibilizadas, com prazos mais longos para renovação de alvarás. Antes da tragédia de Santa Maria, a legislação sobre incêndios no Rio Grande do Sul era da década de 1990 e não detalhava diversos aspectos críticos de segurança.