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Guerra da Ucrânia: Trump já convenceu Zelensky. Putin vai jogar junto?

Presidentes terão ligação nesta terça-feira; líder russo precisa concordar com cessar-fogo, já aceito pela Ucrânia

Vladimir Putin, presidente da Rússia, durante entrevista coletiva em Moscou (Yuri Kochetkov/AFP)

Vladimir Putin, presidente da Rússia, durante entrevista coletiva em Moscou (Yuri Kochetkov/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 18 de março de 2025 às 05h20.

A expressão "faltou combinar com os russos", que ficou famosa após um jogo do Brasil na Copa do Mundo de 1958, resume bem a situação atual das conversas de paz da Guerra da Ucrânia. A questão principal agora é se a Rússia, que invadiu o país vizinho, vai aceitar uma pausa no conflito.

O presidente dos EUA, Donald Trump, se colocou como moderador da disputa e prometeu parar a guerra, que já dura três anos. Na semana passada, a Ucrânia aceitou uma proposta americana de um cessar-fogo de 30 dias, mesmo após o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter sido atacado publicamente por Trump durante um evento na Casa Branca.

Zelensky tinha pouca escolha, pois depende de ajuda militar americana, que fornece dinheiro, armas e informações de inteligência. Sem elas, não é possível se manter no combate.

Agora, falta o presidente russo Vladimir Putin aceitar. Ele terá uma conversa por telefone com Trump nesta terça-feira, 18, em horário não confirmado até a conclusão desta reportagem.

Na semana passada, Putin disse que era favorável a um cessar-fogo, mas não nos termos atuais. Ele questiona quais seriam as formas de verificar que a trégua seria mantida e diz que a pausa poderia servir para a Ucrânia se rearmar e retomar fôlego na guerra.

No domingo, 16, Trump disse que a conversa com Putin envolverá "questões territoriais" e o destino de usinas de energia da Ucrânia, além de tratar sobre a divisão de "certos ativos". No começo da guerra, a Rússia tomou a usina nuclear de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, que se mantém inativa desde então. Ela fica em um território que Moscou reivindica ter conquistado, e que a Ucrânia quer de volta.

Acenos de Trump

Putin recebeu fortes acenos de que Trump pode fazer concessões, inclusive em concordar que a Rússia fique de vez com territórios da Ucrânia que foram tomados durante a guerra. O americano disse que o desejo ucraniano de recuperar áreas como a Crimeia e as áreas de Donetsk e Lugansk eram "irrealistas".

Nas últimas semanas, Trump disse ainda que pode voltar a permitir negócios entre empresas russas e americanas. Após a Rússia invadir a Ucrânia, o governo de Joe Biden determinou fortes sanções, e companhias americanas, incluindo o McDonald's e a Coca-Cola, saíram do país às pressas e venderam seus ativos a empresários russos.

Além disso, segundo o New York Times, Putin pode ainda pedir o relaxamento de sanções contra o país, que travaram a venda de petróleo e gás para o Ocidente, uma das principais fontes de recursos do país.

Outro ponto de embate entre os dois lados é que Zelensky defende que uma força internacional seja posicionada na Ucrânia para garantir que a Rússia não invada o país vizinho de novo. Putin é contra a ideia e disse que ela poderia criar um conflito direto entre soldados americanos ou europeus com a Rússia, escalando a situação na região.

Esta será a segunda conversa por telefone entre Trump e Putin neste ano. Os dois falaram no começo de fevereiro, e o líder russo concordou em iniciar um processo de negociação para encerrar a guerra, que ele mesmo começou e que, nos últimos três anos, nenhum país do mundo conseguiu convencê-lo a parar.

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