Navios vikings cruzavam mares e rios para atacar, negociar ou colonizar territórios do norte e oeste da Europa (History channel/Michael Hirst/Reprodução)
Publicado em 31 de março de 2025 às 18h04.
Conhecidos como navegadores e guerreiros do norte da Europa, os vikings deixaram uma marca profunda no continente entre os séculos VIII e XI. Originários das regiões que hoje compreendem a Noruega, Suécia e Dinamarca, esses povos escandinavos não formavam um império centralizado, mas compartilhavam uma cultura marítima comum e uma reputação temida em batalhas.
A palavra “viking” tem origem incerta, mas costuma ser associada à ideia de “expedição” ou “pirataria”. Na prática, eles atuavam como agricultores, artesãos, comerciantes e saqueadores.
Navegaram extensivamente por mares e rios da Europa, alcançando regiões tão distantes quanto a atual Rússia, a Inglaterra e até a costa leste do Canadá.
Uma questionamento muito comum feito sobre a história dos vikings é sobre a religião que estes tinham. Antes da cristianização, este grupo pratica uma religião politeísta baseada na mitologia nórdica. Eles cultuavam deuses como Odin (da sabedoria e guerra), Thor (do trovão) e Freyja (do amor e fertilidade).
A crença em Valhalla — o salão dos guerreiros mortos — refletia a valorização da bravura em combate. Rituais incluíam sacrifícios, runas e cerimônias conduzidas por sacerdotes chamados gothi.
A partir do século X, com o avanço do cristianismo na Escandinávia, muitos reinos vikings passaram a se converter à nova fé, especialmente por interesses políticos e comerciais com o resto da Europa.
A influência dos vikings vai além de pilhagens. Eles estabeleceram rotas comerciais, assentamentos permanentes e até reinos. Na França, por exemplo, fundaram a Normandia — cujo nome deriva de “homens do norte”.
O líder viking Rollo tornou-se vassalo do rei francês e deu origem a uma dinastia que culminaria na conquista da Inglaterra em 1066, com Guilherme, o Conquistador.
Na Inglaterra, deixaram marcas na língua, na toponímia e nas leis. Palavras como sky, egg e knife têm origem nórdica. No leste europeu, influenciaram a formação do Estado russo por meio dos varangians, como eram chamados os vikings que se estabeleceram ali e atuaram como mercenários e comerciantes.
O impacto também foi sentido na arquitetura naval, com a adoção de modelos de barcos mais velozes e versáteis, e na cultura de exploração marítima que perduraria por séculos.
Não existem mais vikings no sentido histórico do termo. Com o passar do tempo, os reinos escandinavos se cristianizaram, urbanizaram e se integraram ao restante da Europa medieval. No entanto, descendentes dos povos nórdicos continuam a habitar a região, e tradições culturais como festivais, runas e sagas foram preservadas.
Hoje, o legado viking é tema de pesquisas arqueológicas, reconstruções históricas e até do turismo cultural em países como Islândia, Suécia e Noruega.
A história dos vikings ajuda a entender a formação política, econômica e cultural da Europa moderna. Sua atuação moldou fronteiras, influenciou idiomas, fortaleceu redes de comércio e contribuiu para a difusão de conhecimentos marítimos.
Conhecer essa trajetória amplia a compreensão sobre a interconexão entre civilizações e o papel da mobilidade humana na transformação dos territórios.