Representação de inscrições antigas mostra a transição do alfabeto proto-semítico para sistemas mais estruturados, como o fenício e o grego, que influenciaram a escrita ocidental. (Kenishirotie/Thinkstock)
Publicado em 31 de março de 2025 às 17h26.
O alfabeto é um sistema de escrita composto por um conjunto limitado de letras que representam sons e fonemas, permitindo que as palavras sejam expressas por meio de símbolos gráficos. Sua origem remonta a mais de 4.000 anos e, ao longo do tempo, foi se diversificando, dando origem aos sistemas de escrita que usamos até hoje.
É importante entender que o processo de criação e adaptação do alfabeto foi gradual e teve contribuições importantes de diversas culturas e civilizações. Entenda mais sobre o assunto e veja quantos alfabetos existem no mundo.
O primeiro alfabeto, do qual se tem conhecimento histórico, foi desenvolvido pelos povos semitas, mais especificamente pelos Semitas do Sul (tribos da região que hoje corresponde ao Oriente Médio), por volta de 1800 a.C. Esse alfabeto, chamado de Alfabeto Proto-Semítico, evoluiu a partir de sistemas de escrita pictográficos, como os hieróglifos egípcios, e consistia em símbolos consonantais.
Diferentemente dos sistemas anteriores, que eram extremamente complexos, o alfabeto proto-semítico adotava um sistema simplificado, com um número reduzido de símbolos, representando sons, ou seja, era uma escrita mais fonética.
Este alfabeto foi um marco importante na história da escrita, pois foi a base para a criação de outros alfabetos, como o fenício, que mais tarde se espalhou e evoluiu para outras variantes, como o grego, o latim e o árabe.
Existem diversos sistemas de escrita que são considerados alfabetos, cada um com suas características próprias e que atendem às necessidades fonéticas das línguas que os utilizam. A seguir, vamos detalhar alguns dos mais influentes e amplamente utilizados ao longo da história:
Este alfabeto surgiu por volta de 1050 a.C., sendo uma evolução direta do alfabeto proto-semítico e sendo composto por 22 letras, todas representando sons consonantais.
Ao contrário dos hieróglifos egípcios, que representavam ideias ou objetos, o alfabeto fenício representava sons, o que tornava a escrita muito mais eficiente e acessível. Por ser simplificado e funcional, o alfabeto fenício se espalhou rapidamente pela região do Mediterrâneo, sendo adotado por diversas civilizações, como os gregos e romanos.
Até hoje, ele é considerado a base para diversos alfabetos modernos, incluindo o grego, latino e hebraico.
Por falar no alfabeto grego, este foi desenvolvido por volta do século VIII a.C., e representou a primeira grande inovação em relação ao alfabeto fenício, pois foi o primeiro a incluir vogais.
Os gregos, ao adotarem o alfabeto fenício, adaptaram-no para suas necessidades, criando símbolos para representar também os sons das vogais, o que tornou a escrita ainda mais precisa e expressiva. O alfabeto grego serviu de modelo para a criação de diversos sistemas de escrita, incluindo o alfabeto latino e o cirílico.
O alfabeto latino, que é a base do alfabeto utilizado em línguas como o português, inglês, espanhol, francês, entre outras, surgiu a partir do alfabeto grego por volta do século VII a.C. Ele foi inicialmente utilizado pelos romanos e, com a expansão do Império Romano, se espalhou pela Europa e pelo mundo ocidental.
Em sua forma mais simples, inicialmente possuía 21 letras, mas foi gradualmente expandido, até chegar ao conjunto de 26 letras que utilizamos hoje. Com o passar do tempo tornou-se universal, sendo a base para a maior parte das línguas do mundo.
O alfabeto árabe é utilizado em várias línguas, como o árabe, o persa (farsi) e o urdu. Ele é um sistema de escrita cursiva, composto por 28 letras, que representam consonantes, enquanto as vogais são indicadas por diacríticos (sinais gráficos). Outra peculiaridade é que ele é lido da direita para a esquerda.
Essa escrita evoluiu a partir do alfabeto nabateu, uma variante do aramaico, por volta do século IV d.C. Outra curiosidade é que o alfabeto árabe teve grande influência no desenvolvimento das escritas do Norte da África e da Península Ibérica, e é um dos sistemas de escrita mais importantes para as línguas do mundo islâmico.
O alfabeto cirílico foi criado no século IX pelos missionários bizantinos Cirilo e Metódio, com o objetivo de traduzir a Bíblia para as línguas eslavas. Ele foi inspirado tanto pelo alfabeto grego quanto pelo alfabeto latino. O alfabeto cirílico é usado por várias línguas eslavas, como o russo, búlgaro, ucraniano, sérvio, entre outras. Ele passou por várias modificações ao longo dos séculos e atualmente possui cerca de 33 letras, dependendo da língua que utiliza o sistema.
Utilizado para escrever o hebraico e outras línguas semíticas, o alfabeto hebraico tem sua origem remonta ao século X a.C., com o surgimento de uma forma de escrita consonantal baseada em símbolos do alfabeto fenício.
Com o tempo, foi adaptado para diferentes línguas, como o aramaico e o iídiche. Ele também é escrito da direita para a esquerda, como o árabe, e tem 22 letras, representando sons consonantais.
O alfabeto devanágari é utilizado para escrever línguas indianas, como o hindi, o sânscrito, o marata e o nepali. Ao contrário dos demais, o é um alfabeto silábico, no qual as letras podem representar uma sílaba inteira. Originário do século III a.C., o devanágari se caracteriza por sua forma distintiva e a presença de uma linha horizontal no topo das letras, que conecta as palavras.
Entender a origem e a evolução do alfabeto é importante para compreender o impacto da escrita nas civilizações humanas. O alfabeto não só facilitou a comunicação escrita, mas também ajudou no desenvolvimento de culturas, religiões e ciências.
Conhecer como esses sistemas de escrita evoluíram ao longo do tempo também permite entender as conexões entre diferentes povos e como a linguagem molda nossa percepção do mundo.