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Hamas aceita proposta de cessar-fogo com Israel e libertação de reféns, diz agência

Proposta prevê a suspensão das operações militares israelenses por 60 dias e abre caminho para um acordo global que pode pôr fim à guerra, segundo fonte do governo egípcio

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 18 de agosto de 2025 às 14h40.

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O Hamas concordou com a proposta e cessar-fogo de 60 dias com Israel, que também inclui a liberação de metade dos reféns que o grupo mantém em Gaza e a soltura de alguns prisioneiros palestinos por parte de Israel. A informação foi divulgada por uma fonte do governo egípcio à agência de notícias Reuters nesta segunda-feira, 18.

Basem Naim, alto dirigente do Hamas, afirmou no Facebook: "O movimento aceitou a nova proposta apresentada pelos mediadores." No entanto, não houve uma resposta do governo de Israel até o momento.

A fonte egípcia declarou que a proposta prevê a suspensão das operações militares israelenses por 60 dias e abre caminho para um acordo global que possa pôr fim à guerra que já dura quase dois anos. Outra fonte familiarizada com o assunto afirmou à agência que essa proposta é quase idêntica à apresentada anteriormente pelo enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, que Tel Aviv já havia aceitado.

Os planos de Israel para tomar o controle da Cidade de Gaza geraram preocupações no exterior e dentro de Israel, onde dezenas de milhares de israelenses participaram no domingo de alguns dos maiores protestos desde o início do conflito, exigindo um acordo para encerrar os combates e liberar os 50 reféns restantes mantidos em Gaza desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023. As autoridades israelenses acreditam que 20 reféns estão vivos.

A ofensiva planejada levou os mediadores egípcios a intensificar os esforços para alcançar um acordo de cessar-fogo. Milhares de palestinos fugiram de suas casas nas áreas da periferia de Gaza, que estão sendo constantemente bombardeadas por Israel, e se dirigiram para pontos no oeste e no sul do território destruído.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, descreveu a Cidade de Gaza como o último grande bastião urbano do Hamas. No entanto, com Israel já controlando 75% de Gaza, os militares alertaram que a expansão da ofensiva poderia colocar em risco os reféns que ainda estão vivos e prolongar o conflito.

Dani Miran, cujo filho Omri foi feito refém em 7 de outubro, expressou temor pelas consequências de uma ofensiva terrestre israelense na Cidade de Gaza. "Tenho medo de que meu filho se machuque", disse ele à Reuters em Tel Aviv nesta segunda-feira.

Na Cidade de Gaza, muitos palestinos também organizaram protestos pedindo o fim de uma guerra que devastou grande parte do território e causou uma crise humanitária, além de exigir que o Hamas intensifique as negociações para evitar a ofensiva israelense.

Possíveis consequências da nova ação de Israel

Uma incursão de blindados israelenses na Cidade de Gaza poderia deslocar centenas de milhares de pessoas, muitas das quais já haviam sido deslocadas diversas vezes durante o conflito. Ahmed Mheisen, gerente de abrigos palestinos em Beit Lahiya, um subúrbio destruído pela guerra, ao leste da Cidade de Gaza, informou à Reuters que 995 famílias deixaram a região nos últimos dias, em direção ao sul.

Com a ofensiva israelense se aproximando, Mheisen estimou que seriam necessárias 1,5 milhão de barracas para abrigar os deslocados, ressaltando que Israel havia permitido apenas 120.000 delas no território durante o cessar-fogo entre janeiro e março. O escritório humanitário da ONU revelou na semana passada que 1,35 milhão de pessoas já necessitam de itens de abrigo emergenciais em Gaza.

"Estou indo para o sul porque preciso aliviar meu estado mental", contou Mousa Obaid, morador da Cidade de Gaza, à agência de notícias. "Não quero ficar me movendo para a esquerda e para a direita sem parar. Não há mais vida, e como podem ver, as condições são difíceis, os preços estão altos e estamos sem trabalho há mais de um ano e meio."

Um protesto dos sindicatos está agendado para quinta-feira na Cidade de Gaza.

Desafios diplomáticos

A última rodada de negociações indiretas de cessar-fogo terminou em um impasse no final de julho, com as partes se culpando pelo fracasso. Israel afirmou que concordaria em cessar as hostilidades se todos os reféns fossem liberados e o Hamas depusesse as armas — uma exigência rejeitada publicamente pelo grupo islâmico até que um Estado palestino seja criado.

Uma autoridade do Hamas disse à Reuters nesta segunda-feira que o grupo rejeita as exigências israelenses de desarmar ou expulsar seus líderes de Gaza.

Além disso, ainda existem divergências sobre a extensão da retirada israelense de Gaza e a forma como a ajuda humanitária será distribuída no enclave, onde a desnutrição é generalizada e organizações humanitárias alertam sobre uma fome iminente.

O presidente dos EUA, Donald Trump, escreveu em suas redes sociais nesta segunda-feira: "Só veremos o retorno dos reféns restantes quando o Hamas for confrontado e destruído! Quanto mais cedo isso acontecer, maiores serão as chances de sucesso."

No sábado, o exército israelense afirmou estar se preparando para ajudar os moradores de Gaza com tendas e outros materiais de abrigo antes de realocá-los das zonas de combate para o sul do enclave. No entanto, não forneceu detalhes sobre as quantidades ou o tempo necessário para levar o equipamento ao território.

A guerra começou quando militantes liderados pelo Hamas invadiram a fronteira com o sul de Israel, matando 1.200 pessoas e levando 251 reféns para Gaza, segundo dados israelenses. Mais de 61.000 palestinos morreram desde então, segundo autoridades de saúde locais, que não distinguem entre combatentes e civis.

Mais cinco palestinos morreram de desnutrição e fome nas últimas 24 horas, informou o Ministério da Saúde de Gaza nesta segunda-feira, elevando para 263 o total de mortes por essas causas, incluindo 112 crianças, desde o início do conflito. Israel contestou os números fornecidos pelo Ministério da Saúde no território administrado pelo Hamas.

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