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Índia corta temporariamente fluxo de água para o Paquistão em plena escalada de tensão

Governo paquistanês alertou repetidamente que qualquer redução no fluxo do rio seria interpretada como ‘um ato de guerra’

EFE
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Agência de Notícias

Publicado em 5 de maio de 2025 às 12h46.

Última atualização em 5 de maio de 2025 às 13h09.

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A Índia cortou temporariamente o fluxo de água de um dos rios que fluem até o Paquistão, em um gesto de desafio ao país vizinho, depois de suspender o histórico Tratado das Águas do Indo.

Islamabad alertou repetidamente que qualquer redução no fluxo do rio seria interpretada como "um ato de guerra".

O fluxo do rio Chenab foi temporariamente interrompido nesta segunda-feira como parte das operações de manutenção que começaram no fim de semana em uma barragem que regula seu fluxo no distrito de Ramban, na Caxemira controlada pela Índia, segundo disseram à Agência EFE autoridades da Corporação Nacional de Energia Hidrelétrica da Índia (NHPC).

As autoridades, que pediram para não serem identificadas, acrescentaram que essas obras ocorrerão em breve em outra barragem no distrito de Bandipora, que regula o fluxo de outro rio que deságua no Paquistão.

No entanto, garantiram que essas são "operações de rotina". Logo após o fechamento das comportas, imagens postadas nas redes sociais mostraram o leito do rio seco.

Esta decisão ocorre em meio à escalada de tensões entre a Índia e o Paquistão, que começou há duas semanas após um ataque terrorista na Caxemira controlada pela Índia, que matou 26 pessoas e pelo qual Nova Delhi culpa o país vizinho.

A região da Caxemira tem sido o principal ponto de confronto entre os dois países desde sua independência do Império Britânico em 1947, e por causa dela travaram diversas guerras e enfrentamentos menores.

Em meio a essa grave crise diplomática, a Índia suspendeu o Tratado das Águas do Indo, assinado em 1960, que regulamenta a distribuição de água de vários rios transfronteiriços. O acordo sobreviveu a conflitos anteriores entre as duas potências e é considerado favorável ao Paquistão.

A suspensão deste acordo provocou uma resposta dura de Islamabad, que declarou que se a Índia reduzisse a quantidade de água que lhe era atribuída, isso seria considerado um ato de guerra.

Por sua vez, o ministro da Água da Índia, CR Paatil, chegou a declarar que não permitiria que "uma única gota de água" do rio Indo passasse para o Paquistão.

O Tratado das Águas do Indo, mediado pelo Banco Mundial, é considerado há muito tempo um exemplo raro e resiliente de cooperação entre os dois países e aloca os três rios ocidentais do sistema do Indo ao Paquistão, enquanto a Índia mantém os direitos sobre os rios orientais.

As duas barragens afetadas por obras de manutenção têm sido fonte de atrito diplomático, uma vez que o Paquistão já contestou o projeto de uma das barragens em arbitragem internacional e levantou objeções legais à outra, citando preocupações sobre os fluxos a jusante para o rio Neelum, uma fonte vital de água na Caxemira administrada pelo Paquistão.

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