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Índia, membro do Brics, avança em conversas para reduzir tarifas de Trump, diz agência

Acordo colocaria o país asiático em uma posição mais vantajosa em comparação a outras nações da região

Donald Trump, presidente dos EUA, ao lado do premiê indiano Narendra Modi, na Casa Branca (EUA) (Jim WATSON/Getty Images)

Donald Trump, presidente dos EUA, ao lado do premiê indiano Narendra Modi, na Casa Branca (EUA) (Jim WATSON/Getty Images)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 11 de julho de 2025 às 16h31.

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Os Estados Unidos estão trabalhando em um acordo comercial provisório com a Índia, que pode reduzir as tarifas propostas para menos de 20%. Esse entendimento colocaria o país do sul da Ásia em uma posição mais vantajosa em comparação a outras nações da região. As informações foram divulgadas pela Bloomberg.

A Índia não espera ser cobrada por tarifas adicionais — uma situação distinta de várias outras nações que receberam notificações semelhantes nesta semana. Segundo a publicação, o acordo deverá ser formalizado por meio de um comunicado público, embora o momento exato da divulgação ainda não esteja claro. O acordo provisório permitiria que as negociações seguissem, dando à Índia a chance de resolver questões pendentes antes de um acordo definitivo.

O acordo comercial deve estabelecer uma tarifa básica abaixo de 20%, ao contrário dos 26% inicialmente sugeridos. No entanto, essa fórmula permitiria que ambas as partes continuassem discutindo a taxa no contexto de um pacto final. O cronograma para o acordo ainda é incerto.

Se concretizado, a Índia se juntaria a um grupo restrito de países que conseguiram fechar acordos com o governo Trump. O presidente dos EUA surpreendeu vários parceiros comerciais ao anunciar tarifas que podem chegar a 50%, com um prazo final de 1º de agosto para a implementação.

Por enquanto, o Ministério do Comércio e Indústria da Índia, a Casa Branca e o Departamento de Comércio dos Estados Unidos não emitiram declarações sobre as negociações.

Condições mais favoráveis

A Índia busca um acordo com condições mais favoráveis do que aquele assinado com o Vietnã, que inclui tarifas de 20% sobre as importações. No entanto, o Vietnã foi surpreendido por essa taxa e continua tentando renegociá-la. O Reino Unido é o único outro país que teve um acordo anunciado por Trump até o momento.

Na quinta-feira, Trump afirmou à NBC News que está considerando tarifas de 15% a 20% para a maioria dos países ainda não informados sobre suas taxas. A tarifa mínima global atualmente é de 10% para quase todos os parceiros comerciais dos Estados Unidos.

Até agora, as tarifas impostas a países asiáticos variam de 20% (para Vietnã e Filipinas) a 40% (para Laos e Mianmar).

A Índia foi uma das primeiras nações a procurar a Casa Branca para iniciar as negociações comerciais neste ano, mas nas últimas semanas surgiram tensões nas discussões. Embora Trump tenha declarado que um acordo com a Índia está próximo, ele também ameaçou aumentar as tarifas sobre a participação do país no grupo BRICS. Em breve, uma delegação indiana deve visitar Washington para avançar nas negociações.

A Índia já fez sua proposta final ao governo dos EUA, deixando claro quais são os limites para um possível acordo, segundo a Bloomberg.

Apesar de alguns avanços, as duas nações ainda não chegaram a um consenso sobre questões sensíveis, como a exigência dos EUA de que a Índia abra seu mercado para culturas geneticamente modificadas, algo que Nova Déli rejeita riscos para seus agricultores. Outras questões, como barreiras não tarifárias no setor agrícola e processos regulatórios no setor farmacêutico, também permanecem sendo pontos de discórdia.

Pressão sobre o Brics

Donald Trump decidiu impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos poucos dias após a Cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro.

O evento contou com a presença de representantes do Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outros 15 países, onde o multilateralismo foi um dos temas centrais nas discussões. Durante as reuniões, também foram abordados assuntos como a cooperação entre os países do Sul Global, parcerias para o desenvolvimento social, econômico e ambiental, além da busca por reformas no sistema de governança global, visando ampliar a participação das nações emergentes.

A Cúpula no Rio gerou uma reação de Donald Trump, que no domingo, 6, ameaçou impor uma tarifa adicional de 10% sobre "qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do Brics". Três dias depois, na quarta-feira, 9, o presidente dos EUA enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anunciando a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros. A medida está programada para entrar em vigor em 1º de agosto.

Na quarta-feira, em carta divulgada na rede social Truth Social, Trump afirmou que a taxa ao Brasil se deve aos processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e contra redes sociais americanas, além de citar práticas comerciais brasileiras que considera prejudiciais aos EUA.

Nesta quinta-feira, 10, o presidente Lula reagiu à decisão de Trump e declarou, em entrevista ao Jornal Nacional (da TV Globo), que o Brasil pode aplicar a lei de reciprocidade para a tarifa de 50% anunciada pela Casa Branca.

"Não perco a calma e não tomo decisões com 39 graus de febre. O Brasil utilizará a Lei da Reciprocidade quando necessário e vai tentar com a OMC e outros países tomar uma posição para saber quem está certo ou errado", disse Lula na entrevista. "A partir daí, se não houver solução, vamos recorrer à reciprocidade, já em 1º de agosto quando começa a taxação do Brasil. Nós não queremos brigar com ninguém, queremos negociar. E queremos que sejam respeitadas as decisões brasileiras".

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