Cartazes da eleição alemã no centro de Hannover (Rafael Balago/Exame)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 18 de fevereiro de 2025 às 17h50.
Última atualização em 18 de fevereiro de 2025 às 17h50.
Osnabrück, Alemanha* - As eleições na Alemanha, marcadas para este domingo, 23, tem deixado empresários e investidores em suspense. A expectativa é que um novo governo possa trazer mudanças capazes de aumentar os investimentos e as exportações do país e de tirar o país de uma recessão, que já dura mais de dois anos.
"Esperamos que, depois das eleições, as coisas sejam mais positivas e haja mais investimentos", diz Philip Harting, CEO da Harting Technologies, uma fabricante alemã de equipamentos industriais, durante um evento em Osnabrück, no oeste do país.
"Fabricantes de máquinas e de sistemas industriais exportam mais de 70% de sua produção. Por conta disso, é muito importante o quanto custa nosso mix de energia, os gastos com funcionários e o relacionamento com os outros países", afirma Jacob Dück, diretor global do segmento industrial da Harting.
"Esta é a razão por que todo mundo está mais ou menos esperando o que acontecerá agora, depois das eleições. Especialmente como será o relacionamento com a União Europeia e os outros países", prossegue Dück.
Um dos grandes desafios é lidar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que assinou ordens para impor tarifas ao aço e ao alumínio e para estudar a imposição de tarifas recíprocas, além de ameaçar impor medidas comerciais contra a União Europeia.
Além das relações com outros países, partes do mercado alemão têm defendido que o governo alemão aumente seu gasto público para fazer investimentos, como forma de voltar a crescer. A economia alemã está em recessão há dois anos e não tem crescimento real desde 2019, segundo dados compilados pelo JP Morgan e pela Reuters. Enquanto isso, desde 2019, a zona do euro cresceu 5% desde 2019 e os Estados Unidos, 11%.
A Alemanha tem também um endividamento baixo, que era de 62,9% do PIB em 2023. Os EUA, como comparação, tem dívida pública equivalente a 123% do PIB.
Uma das demandas é que o governo flexibilize uma regra constitucional conhecida como "debt brake", que limita tanto o governo nacional quanto os governos locais a limitarem os déficits anuais a 0,35% do PIB. A regra foi criada em 2009, no governo de Angela Merkel, e mantida até hoje.
Friedrich Merz (CDU), candidato que lidera as pesquisas e é apontado como provável novo premiê, disse estar aberto a mudar a regra, mas defende a austeridade e diz que há espaço para cortar gastos, incluindo benefícios sociais.
O atual premiê, Olaf Scholz (SPD), defende uma flexibilização da regra, a ser feita depois das eleições. Já o partido de extrema-direita AfD, que está em segundo lugar nas pesquisas, é contra a medida.
De acordo com um agregador de pesquisas do Financial Times, o bloco CDU/CSU (Democratas Cristãos), da ex-chanceler Angela Merkel, lidera as pesquisas, com 30%. A AfD (Alternativa para a Alemanha) está em segundo, com 20,6%.
Em terceiro lugar, está o SPD, vermelho, do atual chanceler Olaf Scholz, tem 15,6% de preferência, seguido pelo Partido Verde, com 13,5%.
*O repórter viajou a convite da feira Hannover Messe.