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Inflação no Brasil vai cair conforme China exportar mais produtos para cá, diz estudo

Projeção aponta que cada aumento de 10 pontos percentuais em importações por parte do Brasil geraria queda de 0,2 ponto percentual no IPCA

Carros elétricos a serem exportados no Porto de Hangzhou, na China (AFP)

Carros elétricos a serem exportados no Porto de Hangzhou, na China (AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 15 de maio de 2025 às 15h35.

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 15h37.

Um estudo do banco Itaú BBA aponta que, para cada aumento de 10 pontos percentuais nas importações chinesas para o Brasil, o IPCA poderia cair em até 0,2 ponto percentual

Se este movimento for acompanhado de uma queda no preço dos produtos, o impacto de redução no IPCA poderá ser de 0,5 ponto percentual.

"Esse efeito tende a ocorrer ao longo do tempo e que não considera possíveis aumentos de imposto sobre a importação", aponta o relatório.

O aumento de compras de itens chineses pelo Brasil deverá ser uma consequência da guerra tarifária entre Estados Unidos e China.

"A guerra tarifária, ainda que limitada pelas correntes negociações bilaterais, deve diminuir os fluxos comerciais entre China e EUA, abrindo espaço para que o Brasil absorva parte do excedente de oferta chinesa direcionado anteriormente ao mercado americano", aponta o estudo.

Para o Itaú BBA, as tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos, mesmo tendo sido adiadas, podem reduzir de forma relevante a demanda por produtos chineses no mercado
norte-americano. "Além das tarifas efetivamente praticadas, a incerteza sobre a estrutura tarifária à frente também desincentiva o comércio bilateral", afirma.

O volume de exportações da China para o Brasil tem aumentado, de 6% do total em 2017 para 15% em 2024. O país fica atrás apenas dos EUA, que responde por 17% do total comprado do exterior pelo Brasil.

O banco calcula que, para cada 1 ponto percentual de queda nas exportações da China para os EUA, os chineses enviariam mais 0,12 ponto percentual para o Brasil.

Este movimento seria possível especialmente porque a pauta de exportação da China para os EUA é bastante similar à pauta com o Brasil. A lista é liderada pelas categorias de máquinas, aparelhos e materiais elétricos e aparelhos mecânicos.

Guerra comercial entre EUA e China

No começo deste ano, o presidente Donald Trump iniciou uma guerra comercial com a China e outros parceiros comerciais. Após uma série de escaladas, os EUA passaram a cobrar 145% de tarifas de importação de produtos chineses. Pequim retaliou com uma taxa de 125% sobre itens americanos.

Os dois países anunciaram uma trégua na segunda, 12, válida por 90 dias. As tarifas foram reduzidas em 115 pontos percentuais, dos dois lados, e negociações seguem em andamento.

O Brasil foi alvo de uma taxa geral de 10% do governo Trump, o menor patamar aplicado, e também negocia formas de retirar a cobrança.

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