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Autoridades do Irã confirmam ataques, mas dizem que material nuclear havia sido retirado antes

Estados Unidos bombardearam três instalações iranianas neste sábado

Iranianos protestam contra Israel em Teerã, em 20 de junho (AFP)

Iranianos protestam contra Israel em Teerã, em 20 de junho (AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 21 de junho de 2025 às 22h33.

Última atualização em 21 de junho de 2025 às 22h40.

Representantes do governo iraniano confirmaram que os Estados Unidos atacaram três instalações nucleares no país na noite deste sábado, 21.

No entanto, eles disseram que os locais haviam sido evacuados antes e que os materiais atômicos, como o urânio enriquecido, haviam sido levados para outros locais.

As informações foram dadas pela mídia estatal iraniana, segundo o jornal The Times of Israel.

Trump anunciou na noite deste sábado, 21, que os EUA fizeram um ataque aéreo contra as instalações nucleares do Irã. O presidente fará um discurso às 23h (hora de Brasília) para falar sobre o bombardeio e os próximos passos.

Mesmo que os materiais tenham sido retirados, os ataques podem ter danificado ou destruído equipamentos que levaram anos para serem montados. A extensão dos danos ainda não foi relevada.

Entenda a crise envolvendo o Irã

Desde 13 de junho, Israel vem bombardeando o Irã, com o objetivo declarado de impedir o país de obter uma bomba atômica.

Após os ataques, o Irã retaliou Israel e passou a bombardear cidades como Tel Aviv e Jerusalém, com mísseis de longa distância.

Israel conseguiu abater as defesas aéreas do Irã e obter o controle do tráfego aéreo no país. No entanto, os israelenses não tinham bombas com força suficiente para destruir instalações iranianas no subsolo. Os EUA tinham estas bombas, e as utilizaram no ataque deste sábado, segundo informações iniciais.

Reação do Irã

O Irã havia prometido retaliação caso os EUA entrassem no conflito. As opções incluem atacar bases americanas e bloquear o Estreito de Hormuz, por onde passa grande parcela do petróleo global.

Nos últimos dias, líderes do Irã disseram diversas vezes que um ataque americano direto seria respondido de forma dura.

“Os americanos devem saber que qualquer intervenção militar americana será, sem dúvida, acompanhada de danos irreparáveis”, disse o líder supremo do Irã, Ali Khamenei em um discurso televisionado. “A entrada dos EUA nesta questão [guerra] é 100% em seu próprio detrimento. O dano que sofrerão será muito maior do que qualquer dano que o Irã possa sofrer.”

No entanto, a capacidade de ataque do Irã foi danificada nas últimas semanas. Desde 13 de junho, Israel fez uma série de bombardeios ao Irã, incluindo ataques a depósitos e lançadores de mísseis. Ao mesmo tempo, os iranianos dispararam centenas de mísseis de médio e longo alcance contra Israel, o que reduziu seu estoque.

Assim, embora com capacidade reduzida, o Irã ainda tem poder para disparar mísseis capazes de atingir longas distâncias, de até 2.500 km

Estreito de Hormuz

Uma das grandes preocupações no conflito são os efeitos sobre o Estreito de Hormuz, o canal de saída do Golfo Pérsico, por onde circula o petróleo extraído de países como Arábia Saudita, Emirados Árabes e Qatar, que representa 20% do total do produto comercializado pelo mundo. O Irã fica ao lado de Hormuz.

Ao mesmo tempo, rebeldes houthis do Iêmen, que são aliados do Irã, podem atacar navios que circulam pelo mar Vermelho, rumo ao canal de Suez, em outra forma de afetar o comércio global.

Envolvimento de Rússia e China

Além disso, será importante observar como Rússia e China poderão se envolver no conflito. Os dois países possuem relações com o Irã. Os russos são grandes compradores de drones iranianos, por exemplo.

Analistas apontam que os dois países não devem se envolver diretamente, mas poderiam ajudar com o envio de armas e materiais ao Irã, mesmo que de forma encoberta.

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