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Israel afirma que matou o principal comandante militar do Irã

Israel e Irã entraram nesta terça-feira no quinto dia de conflito aberto

Major-General Ali Shadmani, da Guarda Revolucionária Iraniana (IRGC) (AFP)

Major-General Ali Shadmani, da Guarda Revolucionária Iraniana (IRGC) (AFP)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 17 de junho de 2025 às 07h01.

Última atualização em 17 de junho de 2025 às 11h23.

O Exército de Israel anunciou nesta terça-feira, 17, que matou o principal comandante militar do Irã, Ali Shadmani, em um bombardeio noturno, e o descreveu como a figura mais próxima do líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei.

"Após oportunidade repentina à noite, (a Força Aérea israelense) atacou um centro de comando no coração de Teerã e eliminou Ali Shadmani, chefe do Estado-Maior em tempos de guerra, o comandante militar de maior alta patente e a figura mais próxima" a Khamenei, afirma um comunicado militar.

O Exército acrescentou que Shadmani havia comandado tanto a Guarda Revolucionária (o exército ideológico do regime) como as Forças Armadas iranianas.

Israel e Irã entraram nesta terça-feira no quinto dia de conflito aberto, depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez um apelo para que os moradores de Teerã abandonassem a cidade "imediatamente".

Fortes explosões foram ouvidas durante a manhã em Tel Aviv e Jerusalém, depois que as sirenes de alerta foram acionadas devido ao lançamento de mísseis do Irã.

O Exército israelense já havia anunciado "ataques em larga escala" contra alvos militares no oeste do Irã. Após décadas de guerra nas sombras em diversos países do Oriente Médio e algumas operações pontuais, o Estado hebreu, uma potência atômica não oficial, iniciou na sexta-feira uma ampla campanha aérea contra o Irã. O objetivo declarado é evitar que Teerã desenvolver armamento nuclear, uma ambição que a República Islâmica nega ter.

Reunidos em um encontro de cúpula no Canadá, os líderes do G7 exortaram que a "resolução da crise iraniana leve a uma desescalada mais ampla das hostilidades no Oriente Médio.

Na mesma linha, os ministros das Relações Exteriores da França, Alemanha e Reino Unido apresentaram um apelo ao Irã para "retornar o mais rápido possível e sem pré-condições à mesa de negociações" sobre seu programa nuclear.

'Deixar Teerã imediatamente'

"Todos deveriam deixar Teerã imediatamente!", escreveu o presidente americano, Donald Trump, em sua plataforma Truth Social. O republicano deixou a reunião do G7 prematuramente devido à crise no Oriente Médio.

Em uma publicação posterior, o presidente afirmou que seu retorno a Washington "não tinha nada a ver com um cessar-fogo", mas com algo "muito maior".

Seu secretário de Defesa, Peter Hegseth, anunciou que Washington mobilizou "recursos adicionais" no Oriente Médio para reforçar seu "dispositivo de defesa" na região.

A ofensiva israelense, na qual Washington afirma não estar envolvido, interrompeu as negociações entre Estados Unidos e Irã para alcançar um acordo sobre o programa nuclear.

Trump exortou Teerã a voltar à mesa de diálogo. "O Irã deveria ter assinado o 'acordo', eu disse para assinarem. Que vergonha e que desperdício de vidas humanas", escreveu na sua rede social.

O chanceler e coordenador das negociações por parte de Teerã, Abbas Araghchi, questionou se Trump "está interessado em deter esta guerra".

"Basta uma ligação telefônica de Washington para silenciar alguém como (o primeiro-ministro israelense, Benjamin) Netanyahu. Isso abriria o caminho para retornar à diplomacia", escreveu no X.

Enquanto isso não acontece, "continuaremos esmagando esses covardes pelo tempo que for necessário até que parem de atirar contra o nosso povo", afirmou.

'Mudando a face do Oriente Médio'

Nas primeiras horas de terça-feira, a Guarda Revolucionária anunciou a "nona salva de ataques combinados de drones e mísseis", que prosseguiria "sem interrupção até o amanhecer".

"Diversos tipos de drones, equipados com capacidades de destruição e precisão no alvo, destruíram posições estratégicas do regime sionista em Tel Aviv e Haifa", no norte de Israel, afirmou o general Kiyumars Heidari, comandante das forças terrestres do Exército iraniano.

As sirenes de alerta foram acionadas diversas vezes durante a noite em diferentes pontos de Israel, mas em sua maioria os avisos foram suspensos pouco depois.

Segundo o gabinete de Netanyahu, as represálias iranianas causaram pelo menos 24 mortes em seu país desde sexta-feira, 11 delas na segunda-feira.

Do lado iraniano, mais de 220 mortes foram registradas, incluindo os comandantes da Guarda Revolucionária e do Estado-Maior do Exército, além de nove cientistas do programa nuclear.

Nesta terça-feira, o Exército israelense afirmou que atingiu "dezenas de infraestruturas de armazenamento e lançamento de mísseis terra-terra", assim como lançadores de mísseis terra-ar e depósitos de drones no oeste do Irã.

Netanyahu declarou na segunda-feira que o ataque israelense estava "mudando a face do Oriente Médio" e que os líderes iranianos estavam sendo eliminados "um a um".

O primeiro-ministro afirmou que matar o líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, "acabaria com o conflito".

Mas, segundo uma fonte de alto escalão do governo americano, Trump impediu um plano de Israel para matar Khamenei.

Forçar uma mudança de regime no Irã seria "um erro estratégico", opinou o presidente francês, Emmanuel Macron, no G7.

Ataque à televisão estatal

Em Teerã, os bombardeios de segunda-feira provocaram um gigantesco engarrafamento de moradores que tentavam fugir da cidade, onde o Grande Bazar e a maioria dos estabelecimentos comerciais permanecem fechados.

Um dos ataques israelenses de segunda-feira atingiu o edifício da televisão estatal iraniana, que informou nesta terça-feira a morte de três funcionários.

O impacto obrigou uma apresentadora a abandonar de maneira apressada uma transmissão ao vivo, enquanto o estúdio ficava coberto por uma espessa nuvem de poeira e partes do teto desabavam.

Israel também atingiu o centro de enriquecimento de urânio de Natanz, no centro do país, cuja parte superficial foi destruída, indicou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Segundo a AIEA, "não houve um ataque" contra a parte subterrânea da instalação, onde fica a principal central de enriquecimento de urânio.

*Com AFP.

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