Mundo

Jihadistas estão prestes a tomar cidade síria curda

Jihadistas do Estado Islâmico intensificavam cerco sobre Kobani, uma cidade curda síria de valor estratégico junto à fronteira com a Turquia

Refugiados sírios curdos descansam após cruzarem a fronteira com a Turquia (Bulent Kilic/AFP)

Refugiados sírios curdos descansam após cruzarem a fronteira com a Turquia (Bulent Kilic/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2014 às 12h56.

Mursitpinar - Os jihadistas do Estado Islâmico (EI) intensificavam nesta quinta-feira seu cerco sobre Kobani, uma cidade curda síria de valor estratégico junto à fronteira com a Turquia, apesar dos bombardeios da coalizão.

O parlamento da cidade se prepara para aprovar uma intervenção contra o grupo extremista.

"Os jihadistas já estão menos de um quilômetro a leste e a sudeste de Kobani, e a cidade está completamente asfixiada", com exceção do acesso ao norte, que leva à Turquia, explicou o diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman.

Segundo ele, os milicianos curdos, menos numerosos e não tão bem armados, estão decididos a travar batalhas nas ruas para defender Kobani, chamada de Ain al-Arab em árabe.

"Estamos prontos para o combate", confirmou um comando curdo local, Idris Nahsen.

Do lado turco da fronteira podia ser ouvido o ruído contínuo dos morteiros.

Segundo o OSDH, que conta com uma ampla rede de informantes em terra, 90% da população de Kobani fugiu, e os povoados vizinhos "estão quase desertos e controlados pelo EI".

Segundo Rami Abdel Rahman, a coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos voltou a bombardear de madrugada posições do EI perto de Kobani.

Mas nem eles, nem os bombardeios aéreos de quarta-feira impediram o avanço dos extremistas, que se tomarem esta cidade curda controlarão uma ampla faixa de território ao longo da fronteira com a Turquia.

Turquia pronta para intervir

O EI controla muitas regiões no Iraque, no norte e no leste da Síria, devastada por mais de três anos de guerra civil. No dia 16 de setembro, lançou sua ofensiva sobre Kobani, e pelo caminho tomou 70 povoados, provocando a fuga à Turquia de 160.000 pessoas.

Diante da ameaça crescente em sua fronteira, o Parlamento turco começou a debater nesta quinta-feira uma moção do governo que autoriza o exército a intervir no Iraque e na Síria, dentro de uma coalizão dirigida pelos Estados Unidos, na qual estão envolvidos em diversos graus cinquenta países árabes e ocidentais.

O texto, que deve ser aprovado sem dificuldades, também prevê o posicionamento ou o trânsito pela Turquia dos soldados estrangeiros que tomarem parte destas operações.

Além disso, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, advertiu na quarta-feira a coalizão que mais vale pensar em uma solução duradoura no Iraque e na Síria e não se contentar em lançar toneladas de bombas contra os jihadistas.

Levará anos

Os Estados Unidos, que bombardeiam alvos jihadistas na Síria desde o dia 23 de setembro e no Iraque desde 8 de agosto, advertiram que não será fácil ou rápido terminar com o EI.

O general americano John Allen, que coordena a coalizão internacional, afirmou que talvez demore anos para treinar com eficácia uma força rebelde síria moderada capaz de se impor aos sunitas ultrarradicais.

Na Síria, Washington já começou a treinar rebeldes moderados que lutam tanto contra o EI como contra o regime. O objetivo é recrutar uma média de 5.000 soldados por ano.

Por outro lado, centenas de pessoas se manifestaram nesta quinta-feira em Homs (centro) contra o governador Tala Barazi, um dia após um duplo atentado matar 47 crianças de uma escola, segundo o OSDH. O ato não foi reivindicado, mas lembra o modus operandi dos jihadistas.

ONU denuncia atrocidades

Enquanto isso, no Iraque, as forças curdas, apoiadas pelos ataques aéreos americanos e britânicos, seguem em confronto com jihadistas em várias frentes ao norte e a oeste de Bagdá, depois de tomar a localidade de Rabia, na fronteira com a Síria.

No Iraque, os extremistas lançaram dois grandes ataques contra bases militares e da polícia a oeste de Bagdá.

Dezessete membros das forças de segurança e 40 jihadistas morreram nos ataques do EI ao quartel-general da polícia de Hit e a uma base militar de Hamadi.

A ONU afirmou nesta quinta-feira em um relatório que os jihadistas do EI cometeram no Iraque crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

Estas violações dos direitos humanos, "aparentemente sistemáticas e estendidas", incluem "ataques diretos contra civis e infraestruturas civis, execuções e outros assassinatos de civis, sequestros, estupros e outras formas de agressões sexuais e físicas contra mulheres e crianças, e o recrutamento forçado de crianças".

O papa Francisco também criticou os jihadistas, afirmando sem citá-los que nenhuma razão religiosa, política ou econômica pode justificar a perseguição diária sofrida por "centenas de milhares de homens, mulheres e crianças inocentes" no Iraque e na Síria.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaEstado IslâmicoEuropaIslamismoSíriaTurquia

Mais de Mundo

Ex-presidente Cristina Kirchner deve ser presa por corrupção, decide Suprema Corte

Atirador em escola da Áustria morre após ataque, diz polícia

Trump diz que, se necessário, invocará Lei da Insurreição para conter protestos

700 fuzileiros navais chegam a Los Angeles após protestos contra políticas migratórias de Trump