Mundo

Jirau pede à Aneel suspensão de compra de energia

Argumento é de que, como também a linha de transmissão do Rio Madeira está atrasada, as turbinas da usina não precisariam estar em operação


	Jirau: tese da companhia se baseia na manifestação do diretor da Aneel Edvaldo Santana, em seu voto sobre a análise para alteração no cronograma de implantação da usina
 (Cristiano Mariz/EXAME.com)

Jirau: tese da companhia se baseia na manifestação do diretor da Aneel Edvaldo Santana, em seu voto sobre a análise para alteração no cronograma de implantação da usina (Cristiano Mariz/EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2013 às 17h42.

Rio - Para minimizar perdas calculadas em R$ 400 milhões este ano, decorrentes da necessidade de compra de energia para compensar o atraso nas obras da hidrelétrica de Jirau (RO), a concessionária Energia Sustentável do Brasil (ESBR) discute com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a dispensa da exigência de compra de energia no mercado de curto prazo em agosto, setembro e outubro.

O argumento é de que, como também a linha de transmissão do Rio Madeira, construída pela Eletrobras e a Cteep, está atrasada, as turbinas da usina não precisariam estar em operação.

"A linha de transmissão deve estar operacional entre o fim de outubro e início de novembro", comentou o presidente da ESBR, Victor Paranhos, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

A tese da companhia se baseia na manifestação do diretor da Aneel Edvaldo Santana, em seu voto sobre a análise para alteração no cronograma de implantação de Jirau, pleiteado pela empresa.

Segundo Santana, as turbinas atrasadas devem entrar em operação imediatamente quando a linha do Rio Madeira estiver pronta. Paranhos afirmou que a companhia aguarda um posicionamento mais claro do órgão regulador sobre a questão. Na época do voto, no início de junho passado, a linha estava prevista para entrar em operação comercial em 1º de julho, o que não se concretizou.

A incerteza chamou a atenção da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), ambiente em que os contratos de energia são liquidados. "A Aneel precisa comunicar seu entendimento à CCEE", afirmou Paranhos.

Se prevalecer a ideia de que, sem a linha de transmissão não há necessidade de compra de energia, as perdas da ESBR no mercado spot (à vista) seriam minimizadas. "Isso melhora um pouco a situação", disse. A ESBR tem como acionistas a GDF Suez (40%) - controladora da Tractebel -, a Mitsui (20%), a Eletrosul (20%) e a Chesf (20%).


O contrato original de concessão de Jirau previa que as duas primeiras turbinas entrassem em operação em 1º de janeiro de 2013. Contudo, atrasos na obtenção da licença de instalação, greves e incêndios no canteiro de obras em 2011 e 2012 e embargos dos equipamentos pela Receita Federal comprometeram o prazo de construção da usina.

"Tínhamos 56 meses para executar as obras, mas esse prazo foi afetado pelas paralisações", disse o executivo. Por conta disso, a companhia entrou com recurso em novembro de 2012 na Aneel para alterar o cronograma de implantação do empreendimento.A ESBR solicitou o chamado "excludente de responsabilidade", ou seja, o período em que as obras estiveram paradas por fatores alheios à concessionária.

Segundo a companhia, as greves, os atos de vandalismo nos canteiros e os problemas com a Receita Federal interromperam as obras por 334 dias. Após a análise de técnicos da agência, os diretores da Aneel decidiram reconhecer um atraso de 52 dias no cronograma como excludente de responsabilidade. Além disso, o voto do diretor Santana, referendado pelos outros diretores da Aneel, determinou que o novo cronograma de Jirau fosse atrelado ao início de operação da linha do Rio Madeira, previsto para 1º de julho.

Mas, em vez de reescalonar o cronograma das turbinas, Santana determinou que todas as unidades geradoras atrasadas estivessem prontas quando a linha iniciasse operação comercial. O contrato original previa 14 turbinas operando em 1º de julho. Após o voto da Aneel, Paranhos explicou que duas turbinas já deveriam estar operando em agosto, chegando a 16 unidades setembro. Até o momento, no entanto, a companhia colocou em operação apenas uma turbina, no fim da semana passada.

Em tese, a ESBR teria de comprar energia no mercado spot para substituir a oferta não entregue por Jirau e cumprir os contratos com as distribuidoras. Mas como a linha do Madeira não está pronta, a ESBR ficaria desobrigada a cumprir essa exigência. Se a Aneel não confirmar esse entendimento, a companhia deve amargar um grande prejuízo.

Como Paranhos admitiu que Jirau deve fechar 2013 com entre seis e 10 turbinas em operação, abaixo das 21 unidades exigidas pelo contrato de concessão, os cálculos da concessionária indicam perda de R$ 400 milhões este ano, considerando a compra da energia a um preço médio de R$ 200/Mwh.

Acompanhe tudo sobre:AneelEnergia elétricaHidrelétricasUsinas

Mais de Mundo

EUA entram no conflito e atacam instalações nucleares no Irã, anuncia Trump

Irã intensifica ataques a Israel e descarta interrupção de programa nuclear

Decisão dos EUA sobre guerra ainda não foi tomada, mas pode ocorrer nos próximos dias, diz NYT

Ministro do Trabalho da Bolívia morre dez meses após assumir o cargo; causa segue sob investigação