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'Judiciário não vai para a pauta de negociação com os EUA', afirma ministro da Agricultura

Segundo Carlos Fávaro, Brasil está na iminência de conquistar 400 novos mercados, mas solução para café e suco de laranja deve demorar

Carlos Fávaro: Brasil foca no comércio e exclui questões políticas nas negociações com os EUA. (Carlos Silva /Mapa/Flickr)

Carlos Fávaro: Brasil foca no comércio e exclui questões políticas nas negociações com os EUA. (Carlos Silva /Mapa/Flickr)

Agência o Globo
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Publicado em 24 de julho de 2025 às 10h45.

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O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou, nesta quinta-feira, que o Brasil não colocará em pauta, em uma negociação com os Estados Unidos, nada que fuja do espectro comercial. Fávaro reiterou que o governo brasileiro está aberto ao diálogo, mas questões como a atuação do Judiciário no país não estão sobre a mesa.

"O Judiciário não vai para a pauta de negociação. O que não é possível fazer não vai para a pauta de negociação", afirmou o ministro ao GLOBO.

Ao anunciar uma sobretaxa de 50% a todos os produtos brasileiros, os EUA insistem em mudanças em processos que estão no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente Donald Trump afirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro está sendo perseguido pelo ministro da Corte, Alexandre de Moraes, e reclama da regulação das chamadas big techs americanas, que estão à frente de grandes plataformas de internet.

Na última sexta-feira, o governo americano suspendeu o visto de Moraes e outros magistrados do Supremo. E mantém a ameaça de novas sanções.

Busca por novos mercados e ampliação das exportações

Segundo Carlos Fávaro, a busca por alternativas para vender produtos do agronegócio brasileiro a outros parceiros internacionais, que começou no início do governo Lula, tem mostrado resultados. Entre os itens que serão mais afetados pela sobretaxa, que entrará em vigor a partir do próximo dia 1º de agosto, estão carne bovina, café e suco de laranja.

O ministro ressaltou que o Brasil está na iminência de conquistar 400 novos mercados. Acrescentou que países como a China ampliaram suas compras de carne brasileira.

— Por exemplo, tínhamos 40 plantas frigoríficas habilitadas para a China e hoje temos 90. Esse trabalho ajuda neste momento de dificuldade com os EUA, mas não resolve. Café, suco de laranja, tudo demora um pouco mais — afirmou.

Impacto das medidas protecionistas de Trump

Desde o início das medidas protecionistas de Trump — que começaram com uma taxa de 25% para aço e alumínio, passaram por uma tarifa de 10% para todos os produtos e culminaram com uma sobretaxa de 50% prestes a entrar em vigor — representantes dos dois países tiveram 11 rodadas de negociação. A postura agressiva de Trump em relação ao Brasil e a tentativa de interferência em assuntos internos levou à paralisia dos canais oficiais de diálogo.

De acordo com interlocutores do governo brasileiro, autoridades dos dois países continuam conversando, mas em caráter reservado. O Brasil é pressionado a incluir questões políticas em uma negociação, ao contrário de outros países que fecharam acordo com os americanos, como Reino Unido, Japão e Indonésia, que foram exclusivamente a parte comercial.

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