Visita do novo papa, Leão XIV, ao Oriente Médio seria feita pelo papa Francisco no final de maio (Alberto Pizzoli/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 7 de outubro de 2025 às 14h50.
O papa Leão XIV visitará a Turquia e o Líbano entre o final de novembro e o início de dezembro, na sua primeira viagem ao exterior desde sua eleição como sumo pontífice, anunciou a Santa Sé nesta terça-feira (7).
A visita à Turquia ocorrerá de 27 a 30 de novembro e "incluirá uma peregrinação a Iznik para marcar os 1.700 anos do Primeiro Concílio de Niceia", enquanto a visita ao Líbano acontecerá de 30 de novembro a 2 de dezembro, informou o Vaticano.
O programa detalhado do giro de seis dias será divulgado "no devido tempo", informou Matteo Bruni, diretor do serviço de imprensa da Santa Sé.
Em setembro, fontes vaticanas indicaram à AFP que esta viagem em duas etapas estava sendo preparada após o convite das autoridades de ambos os países.
O próprio papa havia confirmado em julho sua intenção de visitar a Turquia para participar do aniversário do Concílio de Niceia, que definiu várias das principais crenças do cristianismo.
Inicialmente, esta viagem deveria ser realizada no final de maio pelo papa Francisco, que faleceu em 21 de abril aos 88 anos. Leão XIV foi eleito pelo Colégio Cardinalício em 8 de maio.
Niceia, atualmente a cidade turca de Iznik, situada a cerca de cem quilômetros a sudeste de Istambul, acolheu no ano 325 o primeiro concílio ecumênico cristão da história, convocado pelo imperador Constantino I.
Esta assembleia de cerca de 300 bispos do Império Romano estabeleceu o chamado Credo Niceno e a doutrina da Trindade - Pai, Filho e Espírito Santo -, um dos pilares do cristianismo atual.
Muito esperada no Líbano, a visita de Leão XIV deverá se concentrar na paz nesse país multiconfessional que se comprometeu a desarmar os grupos não estatais, em particular o movimento xiita pró-iraniano Hezbollah.
"No Líbano, terei a oportunidade de mais uma vez transmitir uma mensagem de paz (...) em um país que sofreu muito. O papa Francisco queria ir, para oferecer seu apoio ao povo libanês (...). Tentaremos levar esta mensagem de paz e esperança", disse Leão XIV a repórteres nesta terça-feira em Castel Gandolfo, a residência papal de verão perto de Roma.
Em agosto, o patriarca maronita Béchara Raï havia anunciado que o papa americano viajaria ao Líbano "antes de dezembro", sem dar mais detalhes.
Apesar do cessar-fogo que entrou em vigor em novembro de 2024 após um intenso conflito com o Hezbollah, Israel mantém tropas em posições fronteiriças consideradas estratégicas no sul do Líbano.
Além disso, o Exército israelense realiza ataques regulares, afirmando que seu objetivo são os combatentes pró-iranianos e suas infraestruturas.
Com esta viagem, Leão XIV torna-se o terceiro papa a visitar o Líbano, depois de João Paulo II (1997) e Bento XVI (2012).
Espera-se que ele visite o mosteiro de São Charbel, ao norte de Beirute, disse nesta terça-feira uma fonte próxima aos organizadores.
O presidente libanês, Joseph Aoun, classificou a visita como um "momento histórico que reafirma o lugar e o papel do nosso país no coração da Igreja e na consciência do mundo, como espaço de liberdade, terra de coexistência e mensagem de humanidade".
"A visita papal é um apelo à paz, ao fortalecimento da presença cristã no Oriente e à preservação do modelo libanês, do qual o mundo e a região necessitam", acrescentou Aoun, segundo um comunicado da Presidência libanesa.
A última viagem de um papa à Turquia remonta a 2014, quando Francisco viajou a Ancara e Istambul, onde se encontrou com o presidente Recep Tayyip Erdogan, uma visita centrada no diálogo ecumênico e na questão migratória.
Antes do papa argentino, a Turquia já havia recebido as visitas de Bento XVI (2006), João Paulo II (1979) e Paulo VI (1967).