Região de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza (Ibraheem Abu Mustafa/Reuters)
Agência de notícias
Publicado em 23 de março de 2025 às 11h19.
O líder político do Hamas, Salah al-Bardaweel, morreu em um ataque aéreo israelense na cidade de Khan Younis, no sul de Gaza, confirmou o grupo terrorista neste domingo. Bardaweel é membro sênior do escritório político do Hamas na Faixa de Gaza.
Salah al-Bardawil, de 65 anos, foi morto junto com sua esposa em um campo em al-Mawasi, perto de Khan Younis, de acordo com o movimento islâmico.
O homem, nascido em agosto de 1959 no campo de refugiados de Khan Younis, juntou-se ao Hamas em seu início, em 1987, trabalhando como porta-voz na cidade antes de subir na hierarquia e ser eleito para o gabinete político em 2021.
Al-Bardawil, que apoiou a luta armada contra Israel, é o terceiro membro do alto escalão do Hamas a ser morto desde que o bombardeio das forças israelenses foi retomado nesta terça-feira, depois do chefe do governo de Gaza, Esam al Dalis, e de Yasser Harb.
Israel lançou no domingo uma ofensiva em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, onde pediu a evacuação de seus habitantes civis, enquanto continuava suas operações no norte, cinco dias depois de romper um cessar-fogo com o Hamas.
A retomada das operações militares no território palestino, que desde terça-feira deixou 673 pessoas mortas, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, coincide com outros ataques mortais no Líbano contra o movimento pró-iraniano Hezbollah.
Após dois meses de relativa calma, Israel rompeu em 18 de março um cessar-fogo com o grupo islâmico palestino, que desencadeou a guerra com seu ataque a Israel em 7 de outubro de 2023.
De acordo com o exército israelense a ofensiva tem como objetivo "atingir organizações terroristas” em Rafah, onde pediu a evacuação do bairro de Tel al Sultan. A mesma mensagem foi escrita em folhetos lançados por drones sobre a área, de acordo com os correspondentes da AFP em Gaza.
Israel já havia realizado uma ofensiva de grande escala em maio de 2024 nessa cidade fronteiriça egípcia, onde centenas de milhares de habitantes de Gaza deslocados pelos combates mais ao norte do território sitiado se aglomeraram.
As Forças Armadas de Israel realizaram na última terça-feira uma série de bombardeios na Faixa de Gaza, interrompendo o cessar-fogo acordado em meados de janeiro. Alvos foram atingidos na Cidade de Gaza, Khan Younis, Rafah e Deir al-Balah.
Entre os civis mortos desta retomada estava um funcionário da ONU, atingido por um bombardeio em um prédio da organização. O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar "profundamente triste e chocado" com a situação, enquanto um porta-voz indicou que outros cinco funcionários ficaram feridos.
— A localização de todas as instalações da ONU é conhecida por todas as partes no conflito, que são obrigadas, pelo direito internacional, a protegê-las e garantir sua inviolabilidade — disse o representante Farhan Haq.
O número total de mortos em Gaza desde o início da guerra ultrapassou 50.000 no domingo, segundo as autoridades de saúde da região administradas pelo Hamas, com pelo menos 30 pessoas mortas em Khan Yunis e Rafah até o momento no domingo.
O fim da trégua se deu após semanas de desacordo de Israel com o Hamas sobre como dar continuidade ao cessar-fogo. Segundo o governo israelense, a retomada da ofensiva ocorre para pressionar o movimento islâmico a libertar os 58 reféns que ainda estão em suas mãos.
Essas operações forçaram milhares de pessoas a fugir novamente em meio aos escombros.
— Vim buscar arroz para as crianças, mas não sobrou nenhum e estou voltando para casa de mãos vazias — disse Saed Abu al-Jidyan, um homem deslocado de Beit Lahia, no norte, depois de ter ido em vão buscar comida em uma instituição de caridade em Khan Younis, no sul.
Israel cortou a ajuda humanitária a Gaza em 2 de março e, em seguida, parou de fornecer eletricidade à principal usina de dessalinização de água, agravando uma situação já catastrófica para os 2,4 milhões de habitantes do pequeno território.